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terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Season finale. Season preview.

2016 e eu só penso em retomar isso aqui. o apartamento não é mais 13. é 23. fiz piadas com o nome da série (don't trust the bitch in apartment 23), me embanano toda vez que eu uso in, on e at. isso nao é de hoje. entra ano sai ano, eu não aprendo. sei a regra e ainda assim não acerto.

sendo eu a bitch do apartamento 23, preciso dizer que dezembro me atropelou. eu fiquei esperando 2015 foder com tudo, porque meudeusdoceu que ano maravilhoso aquele que eu tive. chamem de trauma, aquele 2014 vai me acompanhar por um tempo. 

2015 foi um grande plano B.

troquei de emprego
troquei as passagens de manchester pra paris
fui pra paris com a amiga querida que também tinha terminado um namoro longo.

foi ótimo.

aceitei um convite pra jantar num dia que já tinha jantado, já logo avisando que iria pela companhia, que não adiantava insistir que eu comesse alguma coisa. me vi querendo estender o encontro, sugeri um bar, o mesmo bar que eu ia com o ex e que eu tanto gostava, ainda na minha insistência de retomar as memórias que eram nossas e transformá-las em memórias minhas.

e foi ali que eu beijei uma nova pessoa depois de mais de quatro anos.

o date virou outros dates, com hamburgueres tarde da noite quando os dois saíam tarde do trabalho, e quando a gente viu estava planejando uma viagem. eu, que seguia à risca a regra de nunca planejar para o futuro algo para além do tempo corrido. com uma semana, planeja-se uma semana. com um mês, planeja-se o mês seguinte. 

e com um mês eu planejei quatro meses adiante. com um medinho, com a quase certeza de que aquilo não ia prestar. e em setembro eu estava em nova iorque vivendo alguns dos dias mais felizes da minha vida.

e foi ali, no meio de uma loja de sopas, no meio de uma mini discussão sobre a quantidade de curry que se colocaria no bowl, que ele me disse eu te amo pela primeira vez.

ele nem notou. saiu naturalmente, como se tivesse falado um milhão de vezes. mas era a primeira, e eu vinha me perguntando há tempos quando seria a hora certa, com medo de confundir a euforia dos dias felizes, com o medo besta que 2014 me deixou.

e eu disse de volta, consciente de cada palavra, umas horinhas mais tarde.

resolvi que era hora de deixar o velho apartamento onde eu tinha sido tão feliz, e depois tão triste, e depois feliz de novo. era hora.

ele deixou o dele antes, e foi pra uma casa que escolhemos juntos. eu fui em seguida. 

e foi assim que o plano B me trouxe para o apartamento de janelão e tacos de madeira, com espaço de sobra e um sol que cega os olhos de manhã. no mesmo bairro querido de sempre, perto dos amigos e do supermercado, e da praça, e de todo o resto.

e eu fiquei esperando alguma coisa dar errado. meados de novembro, atenta aos aniversários do luto, me perguntava se seria possível tudo dar certo assim o tempo todo. 

o trabalho me exigiu atenção e eu precisei usar a responsabilidade confiada a mim para demitir um amigo. fiz com dor no coração, não havia outra opção. e eu assisti o amigo mostrar que não era amigo coisa nenhuma, e fazer com que as pessoas me vissem como alguém ruim. tive apoio de onde nem esperava, fui cercada por queridos, que me entenderam e acolheram. e eu vi todo o meu histórico de não ter apoio nas minhas guerras cair por terra. 2015 me mostrando que as coisas mudam, que a gente não precisa se apegar em velhos conceitos e medos. e aí fui eu que tomei a decisão de caminhar para longe do amigo que não era amigo, que falava de mim pelas costas, que mentiu descaradamente para o rh bem na minha frente, torcendo as histórias todas. ingratidão aos 45 do segundo tempo.

e nem chorar eu chorei. deixei pra trás, larguei pra lá. com essa vida boa que eu ando levando, meu tempo é precioso demais e eu gasto comigo e com os meus. virei adulta, veja só. barracos e brigas por todos os lados e eu envolvida em nenhuma delas. muita maturidade, não é mesmo?

terminei o ano mais pobre, com mais carimbos no passaporte, com um monte de planos para o futuro, com mais esperança, com planos incríveis para o trabalho.

termino o ano com passagens compradas pra ir ver a amiga querida se casar ali em buenos aires, mais um lugar que eu não conheço. termino o ano fazendo maionese caseira, com planos de corrida, aulas de cerâmica e ioga.

e minha vida continua parecendo uma série americana bonitinha, dividida em temporadas. eu nem sei que temporada é essa que terminou. mas sei que a que está começando vai ser ainda melhor.