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domingo, 16 de novembro de 2014

eu não consigo escrever

é isso. sequei. espera, não. não é verdade. a verdade é que ando inundada, transbordada, e tudo que tento colocar em palavras me pesa. dá medo, como se ao escrever eu tornasse real, e precisasse então encarar, olhar nos olhos da besta. eu ando com tanto medo, os olhos ardem segurando as lágrimas. sempre fui de falar, agora eu calo. tenho medo de macular o que existe, o que se acredita existir. tenho medo dos olhares. não posso encarar de volta, não consigo, estou alagada, preciso não desmoronar. falo de amenidades, com amenidades eu lido.

sábado, 18 de outubro de 2014

os dias se atropelaram e eu venho agradecendo por isso. acordo segunda, respiro e de repente é sexta. facetimes perdidos na varanda da firma, com o ar seco de são paulo ao fundo. discuto política na terapia. estoco água. de repente é sábado e eu não sei o que fazer com o meu dia. me peguei pensando que o fim de semana é só um intervalo que separa uma semana da outra. não sei como aproveitar tanto tempo livre. vejo seriados, roo as unhas.

***

mas um aniversário. outro ano inteirinho se passou, e eu me dou conta de que 2014 vai ser o primeiro aniversário em 3 anos que eu passo sem estar desesperada por causa de trabalho. 2011 eu tinha acabado de aceitar a ~nova posição~cheia de promessas e com salário mais gordo. estava começando. 2012 eu estava calada e sofrida, achando que tinha cometido um grande erro trocando a firma colorida por wonderland. aviso prévio, perspectiva nenhuma. aniversário quietinha em casa, só namorado por perto. 2013 eu estava de novo desempregada, após mil e uma confusões na firma que eu nem nunca dei nome. saturno entrou na minha ~casa das finanças~ em 2012 pra ensinar as tais grandes liçoes que ele suportamente ensina. virei dessas que estuda astrologia. comecei a torcer pela saída do taskmaster motherfucker, que aparentemente já começou. ele vai embora dia 23 de dezembro, E NÓS NEM ESTAMOS FAZENDO CONTAGEM REGRESSIVA. claro que estamos.

fato é que estamos aí, 2014, 35 anos em dois dias. emprego estável, salário legal, namorado, amigos. é isso, né?


sábado, 27 de setembro de 2014

encontros e desencontros

vamos tomar aquele chá? - me disse L. na janelinha de chat do facebook. ela se mudou pra são paulo há oito, nove meses. não somos amigas desde 2003, quando ela parou de falar comigo do nada e partiu meu coração em pedacinhos. éramos melhores amigas. levei um tempão até acreditar nas pessoas de novo, até achar que tudo bem confiar. sou dessas. amigos partem meu coração. meu coração foi partido um milhão de vezes por amigos.

há meses ensaiamos uma reaproximação. quer dizer. ela me adicionou, eu aceitei, trocamos follows em redes sociais. uma coisa tão 2014. eu fico pensando em como seria se os tempos fossem outros. eu me lembro que quando me dei conta de que ela tinha cortado laços comigo, escrevi uma carta. escrevi à mão, porque pra mim era importante que aquilo fosse pessoal. eu estava com a edição dela de "O Vampiro Lestat", e estava bem na metade do livro. dobrei a carta escrita à mão como um marcador, na página em que abandonei a leitura. deixei o livro na casa dela, nas mãos da avó dela, que obviamente não sabia de nada e foi uma fofa comigo. dois ou três dias depois, um e-mail. Nem subject tinha. tinha cinco ou seis linhas, confirmando que era isso mesmo, que ela não era mais minha amiga. que não conseguia conviver comigo, e que não, eu não tinha feito nada especificamente. fazia exatamente dez anos quando ela mandou a mensagem pedindo desculpas e dizendo que precisava consertar o que tinha feito comigo. e que pra sempre eu tinha sido uma história mal resolvida pra ela.

vamos tomar aquele chá? o chá foi a proposta que eu fiz, meio que um daqueles convites que a gente faz sem saber se de fato quer que se concretize. coisa de carioca. mas ela guardou a ideia e apareceu hoje com a proposta. eu fico pensando em como seria isso, de encontrar uma pessoa que desapareceu da sua vida há dez anos e colocar a conversa em dia. passou tanto tempo. eu sou tão diferente de quem eu era em 2003. não tem dúvidas de que tem a participação dela nessa pessoa que eu me tornei. eu era mais ácida, mais sarcástica. depois da pseudo briga eu fiquei self concious. sempre preocupada em como seria percebida, sempre escolhendo palavras pra não magoar, não assustar, não machucar. sempre corrigindo os erros que eu achei que podia ter cometido com ela, erros que ela nunca me disse quais eram. virei outra pessoa. hoje eu sou mais doce, mais preocupada, mais cuidadosa e delicada com as relações de amizade que eu construo.

vamos tomar aquele chá. eu concordei e propus que fosse daqui duas semanas, entre o aniversário dela e o meu. taí um aniversário que eu nunca esqueci. eu olho pra ela nas redes sociais e penso em como é que um dia fomos amigas. não sei se temos de fato algo em comum. às vezes eu percebo uns flashes da amiga que eu tive, das viagens, das conversas, das festas em botafogo. por que é que eu gostava tanto dela mesmo? hoje, na maioria das vezes eu acho ela boba, gritando por atenção, ressentida com os tombos que a vida deu, levemente amarga quando se decepciona com alguém. mas não somos todos amargos na decepção? quem me garante que eu também não seja um pouco assim?

estou curiosa pra esse reencontro. fico pensando se eu vou querer perguntar. a pergunta que eu me fiz por anos a fio, até desistir, engolir o choro e a frustração e seguir adiante, e achar novos amigos, e confiar em outras pessoas, e me importar com outras histórias. ela me deve essa resposta há tanto tempo. será que essa resposta vai de fato me dar o que eu espero? o que eu espero? será melhor não perguntar? fingir que nada aconteceu, perguntar da vida como duas velhas amigas que passaram tempo demais sem se ver? como reescrever essa história, e será que existe alguma história a ser reescrita? e se a gente não tiver, de fato, nada em comum? a garota que eu era com 23, 24 anos quase não aparece na mulher que eu virei com 34, quase 35. eu nem tenho mais tantos amigos. fiquei cuidadosa. fiquei econômica. haveria algum espaço ainda? haveria conserto?

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

dia 6.

dia 6. eu vejo você pela tela do celular e te acho tão bonito. felicidade é coisa que estampa na cara, né? deve ter sido por isso que eu recebi tantos elogios quando a gente se encontrou há quase quatro anos atrás. o dia 5 foi mais difícil. eu chorei antes de dormir. a casa segue bagunçada e as plantas seguem mortas em seus respectivos vasos. amanhã eu resolvo. chegou sua revista, e o tema dela dessa vez é o tempo. achei simbólico. marquei minhas férias, e comecei a pesquisar passagens.

começou, né?

quando a gente falou da viagem pela primeria vez estávamos indo morar juntos. desde então, isso sempre esteve no caminho. primeiro eu fiquei aliviada, porque é difícil olhar assim tão pra frente, dois, três anos. eu pensava em mim no futuro e tinha certeza de que estaria muito arrasada às vésperas da sua partida. fiquei muito surpresa comigo mesma quando esse período chegou. eu fiquei animada com os seus planos. fiz planos pra mim. uma pausa, você faz as suas coisas, eu faço as minhas. daqui a pouco a gente se encontra. um ano não é nada, certo? nada, principalmente se a gente for pensar no projeto inteiro, que é uma vida. 

um ano não é nada. nas ontem foi o dia 5 e eu chorei. tem a preocupação com a saúde da minha mãe, tem a tensão do trabalho, tem a casa vazia quando eu volto. no dia 5, eu quis que você estivesse aqui. pra eu deitar quietinha no seu peito e cochilar o meu melhor cochilo. aquele que você me acorda me dizendo que eu ainda preciso escovar os dentes, vestir o pijama e tirar a maquiagem. eu preciso descobrir um novo cochilo enquanto você não volta.

domingo, 14 de setembro de 2014

despedida

eu te deixei no portão de embarque e subi as escadas correndo. me disseram que do terceiro andar eu veria as decolagens, e eu queria ver o avião subindo e te levando embora. você viu o céu lindo que o rio de janeiro escolheu pro nosso sábado de despedida? era cor de rosa.

eu não consigo nem pensar em como vai ser esse próximo ano. cheguei em casa e suas coisas estavam espalhadas, fruto da correria dos últimos dias. seus tênis no chão. nem guardei. troquei a cama de posição, encostei na parede, preciso fazer o quarto parecer menos vazio. odiei a nova disposição dos móveis, assim como finalmente assumi pra mim o quanto eu odiei meu cabelo louro. o que aconteceu comigo nos ultimos dois meses? será que eu volto a me reconhecer no espelho?

parece que o tempo que tivemos não foi suficiente, mas eu me pergunto se de algum jeito seria. quando eu desci as escadas na volta, eu olhei de cima para o café onde passamos nossas últimas horas juntos. as cadeiras que ocupamos até minutos antes do seu embarque ainda estavam tortas, do jeito que a gente deixou. eu vi a gente e sorri.

eu estou tão feliz por você. mas o que eu faço comigo, aqui? 


domingo, 7 de setembro de 2014

atropelo

meu projeto no trabalho virou um gremlin, e toda vez que eu acho que vou me livrar, que finalmente acabou, alguém joga água, ou alimenta, e eu volto pra prancheta. a gerentona que devia aprovar ficou contrariada por não ter sido envolvida antes, e está se divertindo sadicamente metendo o bedelho em cada detalhe. foram três semanas saindo tarde, trazendo trabalho pra casa no final de semana. três semanas que tudo o que eu queria era estar com o namorado, que viaja em poucos dias pra um mestrado na inglaterra. a casa só recebe atenção quando é dia da faxineira. as plantas morreram, a louça se acumulam na pia, as roupas se acumulam no cesto. estou ocupada em respirar, dormir, voltei para as necessidades mais básicas. começaram as despedidas. perdi a hora pra terapia, eu, que nunca perco a hora, jamais esqueço um compromisso. liguei pra dra freud e disse. vamos remarcar, e anote isso na minha lista de sintomas. ela riu, disse que não tinha problema. é fase. que fase.

as malas não estão feitas. os livros desorganizados na estante. eu fico pensando em mudar a cama de posição, encostar na parede, pra que o quarto fique menos vazio. a casa já está ressentida. nem as plantas mortas eu joguei fora. elas ficam ali, me encarando, me dizendo que eu descuidei delas. descuidei de mim. fiquei loura, e ainda preciso me reconhecer no espelho. tem horas que eu me acho bonita, tem horas que não. geralmente quando algo dá errado, quando eu brigo com o sono, quando perco a chave dentro da bolsa, eu penso que ainda tenho esta porcaria de cabelo pra resolver. horas depois, mais calma, eu olho no espelho e gosto. tem sido uma montanha russa.

faço listas de coisas que farei sem ele. a sombra de que nada será cumprido me acompanha. eu fico pensando em quem se separa. como é que recomeça? meu caso nada tem a ver com uma separação, a gente está numa fase tão boa. e aí tem esse mestrado no meio. um ano inteirinho. eu nem ouso ser egoista, é tão absolutamente incrível pra ele. me empolgo listando as coisas que ele vai precisar comprar quando chegar, pesquiso passagens pras férias que eu nem sei se vou conseguir agendar pra abril. dezembro ele vem, passa o natal comigo. eu estou tão desorganizada. crio listas na minha cabeça. marquei médicos, fiquei bem louca. preciso me cuidar melhor. eu me olho no espelho e vejo o tempo marcando as olheiras, o cansaço. envelheci dez anos nos ultimos dois meses.

2014 está tão pesado.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

agosto, sempre ele.

foi numa sexta a noite. o chefe da chefa me chamou na mesa dele e me deu um negócio pra fazer. um negócio que deveria ter dado pra ela, já que claramente é um trabalho de coordenação. fui pega de surpresa e não disse não. deveria? não sei. fiz o que achei certo. chamei a chefa pra conversar e disse que não sabia o que fazer. que até dava pra assumir a tarefa, mas que eu entendia se ela quisesse assumir. fui queridinha, tentei lidar com o maior tato com a situação. ela espanou.

disse que eu só ganhei o trabalho porque eu falava demais, e que provavelmente o chefo devia ter achado que eu estava de bobeira e quis me ocupar. daí ela pegou meus prazos e fodeu cada um deles, fazendo com que eu nao tivesse tempo de fazer o trabalho que ele pediu que eu fizesse. daí ela chamou ele na minha mesa e disse que eu tinha dito que não ia dar conta. me queimou.

o resto da semana foi um eterno looping entre ela sendo ríspida, ela me ignorando e ela sendo EXTREMAMENTE LEGAL com o resto da equipe, pra forçar a diferença.

eu vesti a capa da invisibilidade. calei minha boca, taquei os fones, cheguei cedo, saí tarde, pulei almoços, tive medo, marquei terapia, chorei assustada.

fiquei loura. porque, né? não estava lidando.

continuei o projeto que eu vinha tocando numa variação de extrema confiança de que estava ficando foda e alguma insegurança pela falta de feedback.

depois de 15 dias, o primeiro elogio. eu nem precisava mais dele. precisava que o ambiente acalmasse, já que sou esponja e absorvo tudo em volta. acho que o ambiente acalmou.

estou em looping com o cabelo, agora. tem horas que eu me acho horrível, tem horas que eu me acho GATA. vou esperar ver pra que lado o pêndulo vai, e então decidir o que fazer.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

~em suspenso~

eu fico aqui, esperando as notícias. não falo nada, não pergunto, e eu sei que eu não devia me preocupar, veja bem. mas é estranho não saber como a nossa vida vai ser em alguns meses. a nossa vida, tão boa. mas aí tem a sua vida, as coisas que você precisa fazer. e tem a minha, também, e as coisas que eu preciso fazer. as coisas que eu quero, pra mim. as coisas que você quer, pra você. fico pensando no telefonema ou no e-mail que você vai receber, e que vai dizer que chegou a hora, é agora. é agora que você vai lá pro outro lado do oceano, pro velho mundo, ver as coisas que você precisa ver. enquanto eu vou ficar aqui, no meu mundo velho e sempre novo, o mundo que eu escolhi. esse telefonema ou e-mail vai ser bom pra você. e vai ser bom pra mim, porque poucas coisas nessa vida me importam tanto quanto te ver feliz. mas me deixa ser um pouquinho egoísta? me deixa sentir saudades adiantado? 

só um pouquinho?

domingo, 29 de junho de 2014

sabado de manhã, zelador me liga. o mesmo zelador que já me chamou de minha filha e brigou comigo em tempos outros. hoje em dia, trocamos apenas cumprimentos respeitosos.

me espanta a gentileza, todo querido, cheio de interjeições. vem a pedido de um outro morador do prédio, que comprou um carro grande e precisa trocar de vaga. sabe-se lá por que cargas d'água ofereceram a minha como uma opção. ele diz que o morador está perguntando se eu posso trocar, porque o carro novo dele simplesmente nao entra na garagem do subsolo. e ele quer a minha, no térreo. e que o casal de velhinhos que para o carro em frente ao meu já topou, e disse que até concorda em parar o carro deles mais pra pontinha da vaga, pra que o carro grande caiba.

você aceita? - ele pergunta. digo que preciso checar a vaga, que não posso aceitar sem ver, e que depois eu dou notícias a ele. ele pergunta se o morador pode falar diretamente comigo, e eu digo que não. da mesma forma que ele intermediou esse contato, eu respondo pra ele se topo e ele leva a notícia. não gostaria ter de dizer não diretamente para a pessoa.

mas a vaga é ótima, é muito boa mesmo. a garagem lá de baixo é muito melhor. 

digo que vou analisar, pensar e depois respondo.

mais tarde eu vou ao subsolo ver a tal vaga incrível que o morador quer trocar comigo. é tipo a pior vaga de todas as vagas do andar de baixo, do andar de cima, de todos os andares de todas as garagens de todos os prédios da rua, do bairro, de são paulo.

não, obrigada. o carro gigante sem vaga agora perambula pelas vagas temporariamente vazias. é um carro realmente gigante. caminhonete com cabine dupla, daquelas largas, sabe?

como uma pessoa compra um carro sem saber se vai conseguir parar ele na garagem, meudeusdoceu? alguém compra sofá sem ter certeza de que cabe na sala?

quinta-feira, 19 de junho de 2014

:x

das coisas que eu mais quero na vida. ficar calada. voltar a morar dentro da minha cabeça, não sentir essa enorme vontade descontrolada de dizer tudo o que eu penso, rápido e atropelado. como faz pra deixar de ser passional? como faz pra respirar fundo e escolher as palavras? pra ouvir mais e falar menos? pra falar calma e pausadamente?

todo dia eu chego em casa arrependida. pode ter sido o trabalho, pode ter sido alguma conversa boba na cozinha. eu sempre queria ter falado menos. pensado mais. processado antes dentro da minha cabeça, pra que quando as palavras saíssem elas estivessem marinadas, prontas, escolhidas. eu processo pra fora. sigo falando pelos cotovelos. me exponho. sigo decepcionada comigo por não ficar quieta, por não conseguir morar dentro da minha cabeça. eu quero ser aquela que nunca fala, a menos que tenha algo relevante a dizer. eu quero ser aquela que até é cheia de histórias pra contar, mas, quer saber, melhor não. informação é coisa que se guarda. eu devia me preservar mais. pra que ninguém soubesse o que eu penso, como eu me sinto. se insegura ou confiante, se feliz ou triste. minha cara diz tudo o tempo todo.

e quando ela não diz, digo eu.

o mundo é um lugar melhor aqui dentro. eu devia morar aqui dentro.

quero

acelerar um ou dois anos no tempo. pra que as coisas todas estejam pra trás, e não pra frente 

uns pisca-pisca bonitos na parede da cama

chão firme embaixo dos pés, de tacos de madeira

paz de espírito.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

tem fases que eu me jogo mais no trabalho, tem fases que as forças me faltam um pouco. eu tenho trabalhado muito. a lojinha suga as forças, mas na hora a gente nem nota. vai com a corrente. a gente nota quando chega em casa e nem pensa em pegar o computador pra olhar as coisas do dia. foi internet o dia inteiro. deixa ficar offline um pouquinho. e lava a louça no automático, e checa a despensa fazendo mentalmente a lista do supermercado. o supermercado que só será feito quando faltar pão, café ou açucar. o resto todo pode esperar. põe roupa na máquina de lavar, deita na cama e apaga. acorda no dia seguinte, com a décima soneca do despertador, meio revoltada porque a noite não foi suficiente. 

e continua. e continua. e continua.

terça-feira, 10 de junho de 2014

sobre a pessoa perdida, e depois achada. mais ou menos.

eu queria achar a receita do supremo de banana do couve-flor, restaurante querido dentro da puc-rio. digitei no google o que se digita sempre. os resultados eram muito vagos, fiz o que qualquer um faz, botei aspas, estreitei os resultados. estreitei tanto que cheguei num post de um blog. o meu antigo blog.

(pausa dramática pra um mimimi básico de saudades de um tempo que não volta mais. jamais me recuperarei por deixar aquele endereço querido pra trás. jamais.)

era um post falando da renata, a amiga que opted out. foi escrito em algum lugar de 2012, se não me engano. renata era a minha constante. lidei muito mal com o nosso afastamento, mesmo que tenha parecido a pessoa mais adulta do mundo por não ir lá fazer um escândalo de por que você deixou de ser minha amigaaaaaaaaaaaa.

:(

senti saudades, senti pena do destino que a gente teve, senti raiva por ela ter sumido, assim.

algumas vezes nesse ultimos anos eu tive um pouco de medo de esbarrar nela na rua. porque a gente continua morando perto e circula pelos mesmos lugares. (o que aumentava a minha mágoa pelo afastamento. amizade interrompida, todo um trauma nessa minha vida.) 

estava no lollapaloosa, em abril, e dei de cara com ela. ela sorriu e me chamou pelo apelido mais antigo que eu me lembro de ter. felt like home. nos abraçamos, eu estranhei o cabelo vermelho cereja dela, mas fiquei feliz de ver que ela ainda era ela, mesmo com esse abismo que se abriu entre a gente. apresentei meu menino pra ela. falamos do show do placebo, dali alguns dias.

vamos? - ela perguntou. 

claro que vamos, eu disse, meio sem acreditar que de fato estávamos combinando alguma coisa.

estávamos. :)

dias depois, fomos juntas ao show do placebo. ela e o marido, eu e o namorado. foi diferente. um diferente meio triste, mas ao mesmo tempo feliz. algumas amizades acabam, outras mudam de lugar. talvez seja isso que tenha acontecido com a gente.

por ora, basta. quem sabe a gente não se acha de novo, um dia?

sábado, 17 de maio de 2014

let go? not yet.

eu sei que é o maior bonitinho assumir um discurso de não me importar, de relevar. minha mãe diz que o feio fica para quem faz. eu discordo. todas as vezes que alguém foi babaca, ou escroto, ou desonesto com alguém, eu fico esperando que a pessoa se dê mal. talvez porque eu tenha essa cabecinha moldada por contos de fada, vai saber.

eu segui com a minha vida depois da demissão lá da ultima firma. obviamente que não fiquei em casa remoendo, mas tratei de acompanhar direitinho o rumo daqueles personagens pra me certificar que, seja lá quanto tempo depois, eles teriam o que mereciam.

dois meses depois da minha saída o chefo anunciou o romance com a rainha de copas na firma. ele também anunciou que estava de saída do barco afundando. pegou um bote salva vidas e se mandou com sua recém assumida senhoura pra porto alegre, onde rumores já dão conta de que ele é odiado. ela arranjou emprego num importante veiculo de comunicação local, mas já entrou lá com galerê avisado (pela editora fofa que ela demitiu) de que ela não era flor que se cheirasse.

também uns dias depois que eu saí, foi a vez do cara de TI. ele segue bem, aparentemente voltou pra ex namorada que fazia ele fazer mimimi e a vida seguiu. jantamos no outro dia, e ele ainda é reclamão.

das minhas meninas da equipe, uma pediu demissão uns 3 meses depois. está bem, está otima. a outra, a japonesa dos desenhos incríveis arranjou outro emprego agora, e está em vias de pedir demissão. o novo chefe dela desde janeiro, como eu já contei aqui é john armless.

que também é odiado, que se autoproclamou chefo supremo bsubstituto, tomando conta da sala e contando a história do cancer calombo que teve.

a ultima novidade, que me fez postar coisinhas de vingança e karma no facebook, foi a relevante informação de que o chefão, o ceo mais bobinho e ingenuo da face da terra foi finalmente demitido. junto com dartagnan, que agora aparentemente é empresário da noite. querem transferir john armless para porto alegre, mas ele não quer ir. anda apavorado com medo de ser demitido também.

eu digo que é pouco. continuo aguardando que a ~vida~ dê conta dos pombinhos que escaparam do karma e seguem felizinhos em porto alegre.

minha vida vai muito bem. minha vida vai ótima.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

temporada de eclipses quase no fim, entre mortos e feridos, salvaram-se todos.

a equipe do trabalho é legal, e tem sido um verdadeiro desafio me ver assim, cercada de pares. aflora minha natureza competitiva, que eu tinha até esquecido que existia. às vezes dá preguiça das pessoas. estou virando uma pessoa rabugenta.

o frio começou, e eu ando bastante preguiçosa. vê-se pelas baguncinhas pela casa, a louça na pia. as roupas no varal. saímos sábado pra caminhar e só voltamos 10km depois. deitei na cama e dormi. lençol elétrico. acordei pra comer, pra trocar de roupa. dormi mais. até domingo.

assisto beverly hills 90210 porque é bom me prender em causos adolescentes. brenda e kelly brigam pelo dylan e eu penso que já quis muito o corte de cabelo da kelly lá pela quarta temporada, a da faculdade. acho até que fiz algo parecido. jamais na minha vida eu poderia imaginar que carregaria como marca registrada uma franja. tipo a brenda.

me perco nas conversas teoricamente edificantes das pessoas. que livros estou lendo, pessoas dizendo que leram estudos que sugeriam que devíamos fazer o nosso trabalho assim e assado. me falta proatividade? talvez. os e-mails da equipe se acumulam, e a cada mensagem surge um reply engraçadinho, o assunto se perde e no fim é galerê praticando amizade. não, obrigada. pratico amizade no almoço, mas tenho preguiça eterna de práticas de amizade corporativas.

ora ora, como eu evoluí, não é mesmo?

talvez não.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

conversinha

a minha busca agora é por superficialidades. só um pouco, pra desanuviar. novela, conversinhas. stalking de leve nas pessoas conhecidas. sorvete com o namorado. o pessoal do trabalho fez um grupo de whatsapp, e eu só quero que eles se explodam quando começam com mensagens de bom dia as 8h da manhã. estou passando o delineador, é um momento sagrado. 

tenho tentado ficar mais silenciosa, porque isso de falar muito faz com que eu vire um alvo fácil. todo mundo resolve brincar e eu sou a escolhida. e nem sempre eu estou com humor pra brincar de volta. fico só meio puta mesmo. roí as unhas, comecei a tomar goji berry, porque me disseram que emagrece. eu ia dizer que a terra dos coxinhas me engordou, mas fui eu que me engordei mesmo, com minha falta de disciplina na alimentação e todas aquelas starbucks pelo caminho.

ando meio em pânico com a falta d'água que se anuncia. não lido bem com privações. se acabar a agua em são paulo, o que será de mim?

preciso economizar dinheiro, e só gasto. fiquei loura, vejam só. ando meio preocupada achando que finalmente, aos 34 anos, apareceram as primeiras rugas. as pessoas dizem que eu estou louca, mas não. a vida pesou aqui no meu rosto.

de repente.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

a vida na terra de coxinhas

o escritório é novo, a equipe é nova, a terra dos coxinhas é nova e tem um mundo de restaurantezinhos para explorar. chegou um menino pra equipe, e ele é tipo MUITO pequeno. do tipo que hoje não conseguiu alcançar o apagador do quadro branco. ele usa um cavanhaque e eu estou me esforçando uma vida pra não usar isso contra ele. no mais, ele parece legal. parece um hobbit. bilbo baggins. macaulay agora trabalha com a gente todo dia e arranjou toda uma equipe para chamar de sua. soube que ele e a chefa tiveram um arranca rabo, e ela disse pra ele o quanto ele foi escroto comigo no dia que atrapalhou a minha apresentação. disse pra ele começar a participar, ao invés de se meter nos assuntos quando é tarde demais. e agora, por causa disso, ele aparece na minha mesa uma vez por dia. começa sempre com um "seguinte", seguido de algum grande insight que teve sobre alguma grande bobagem. eu tenho tentado ser paciente. também reparei que ele usa gerundismos, e que inventa palavras que não existem.

o melhor lugar da equipe é o meu. a gente sabe bem o drama que é pra ter um lugar legal, estrategicamente posicionado. quando eu vi a planta baixa das mesas e cadeiras, logo imaginei onde eu devia me sentar, com a tela protegida de olhares indiscretos e vista privilegiada do salão (e do restante da equipe). ainda consegui uma janelona bem do meu lado, e em dias com ar condicionado congelante, o solzinho da tarde é a coisa mais querida.

chegou uma outra menina hoje, e eu já sabia que ela existia ~no mercado~. passou pela firma colorida, conviveu com todos os meus queridos. me adicionou no facebook antes mesmo de começar a trabalhar, e eu achei isso bem ótimo. o que eu fiquei chocada de verdade, foi de olhar bem na cara dela e ver como ela era parecida com a roomie freak. primeira temporada bombando. terei de me acostumar com isso.

o chefo é ansioso de um jeito engraçado. tá sempre tocando o terror, mas de um jeito que não põe medo, só dá peninha. acho que ele gosta de mim, porque vira e mexe manda e-mail fazendo alguma brincadeira com algo que eu disse. estávamos falando do elevador ~inteligente~, daqueles que você aperta o numero do lado de fora e o sistema diz qual vai te levar ao destino. eu acho o elevador bem idiota, e nunca tinha conseguido pegar um que me levasse direto do -2 da garagem para o 7o andar do escritório. tinha que fazer baldeação pelo térreo. ele dizia que sempre conseguia o elevador direto, e que eu podia tentar, que funcionava. eu continuava tentando e nada. hoje eu disse pra ele que o elevador só atendia ele. que comigo não funcionava. quando ele foi embora, de noite, me mandou um e-mail de dentro do elevador, dizendo pra eu correr porque estava funcionando.

terça-feira, 25 de março de 2014

Quem não te conhece que te compre, Macaulay

é quase divertido ver macaulay chegar mais tarde e ver que, com a reorganização dos lugares, ele ganhou outro pouso. fica em pé, contrariado, e eu esboço um sorriso, enquanto tento desviar o olhar e evitar qualquer tipo de abordagem. ele e o assistente estão de costas um para o outro, agora, e isso parece desconfigurar o mundo como ele conhece. ele sorri amarelo, encolhe a barriga e se senta.

já estou sacando bem o tipinho. ele vai ser internalizado, por enquanto é prestador de serviços e trabalha alocado 2x por semana. como vai ser contratado, começou a fazer sua listinha mental de condições para se sentir em igualdade com as pessoas da equipe. sondou a chefa para falar de salário, me sondou pra saber se a vaga de estacionamento era realmente minha ou se alguém tinha me emprestado. tudo o que você responde ele preenche um checklist imaginário e inclui nas condições de contratação.

mas as naturezas dos trabalhos são diferentes. não interessa. macaulay computa, compara, quer igual. tá explicado o sorriso amarelo de ver que não ganhou destaque na reorganização das cadeiras. mesmo que seja uma configuração temporária enquanto não nos mudamos definitivamente para o escritório na terra dos coxinhas.
ando preguiçosa e introspectiva. não tenho vontade de ver as pessoas, de interagir. pode ser uma fase, pode ser o cansaço. com um mês de lojinha, eu estou pegando novamente o ritmo. alguma área da vida é impactada, e nesse momento eu estou penalizando as práticas de amizade. quero ficar quietinha. descansando. a casa está meio bagunçada, mas eu ando bem tranquila porque recontratamos a faxineira. e eu sei que ela vem e cuida. e eu posso não ter esse tipo de coisa na cabeça. o escritório está uma bagunça, os meus papéis da contratação na lojinha estão em gavetas aleatórias, e eu preciso de algum tempo pra me sentar no chão, espalhar tudo em volta e guardar nas caixas corretas. encapei umas caixas com papel de bolinhas, e elas ainda estão vazias. as roupas pra passar se acumulam em cima da minha mesa de trabalho, a mesma mesa abandonada há séculos porque o computador mora na mesa de cabeceira e é usado no colo. comprei uma estante irregular. eu fico dando voltas com o escritório, ele nunca fica pronto, de fato. o resto da casa eu acabei, mas o escritório não. comprei uma estante grande da tokstok e não fiquei satisfeita com ela onde eu havia planejado. levei pra sala, deitei e ela virou rack. odeio essa palavra. o antigo rack foi pro escritório, e eu empilhei as coisas nele de qualquer jeito. fiquei esperando voltar a trabalhar pra comprar outra estante sem culpa. comprei a estante sábado e ela leva um mês pra chegar. nem foi tão cara, mas não posso dizer que foi uma compra sem culpa. ando gastando dinheiro demais, preciso repor o que foi tirado da poupança, e só faço gastar. isso é saturno, eu acho, que está na minha casa das finanças e promete dificuldades até meados de 2015. 

estou indo um dia por vez. faço vista grossa com as palavras trocadas, o DDA bombando esses dias. penso que o DDA pode ter influenciado na batida de carro semana passada. deve ser o cansaço. meu menino ri, me chama a atenção quando eu falo coisas sem sentido. 

as formas de gelo na geladeira, e não no congelador. tem sido uma aventura viver comigo esses dias.

quarta-feira, 19 de março de 2014

e daí que depois de toda a irritação com as insinuações de que eu passaria a pena no casal da ~família de advogados~ encerrei a conversa e mandei me ligarem com um orçamento. mas estamos na era das redes sociais, e a filha advogada do casal da família de advogados achou por bem me adicionar no whatsapp. chegou se identificando "oi, eu sou a gabi, você bateu no carro do meu pai ontem", e eu podia muito bem lançar um não kiridinha, seu pai também bateu em mim bla bla bla, mas liguei o modo civilizado, o modo vou pagar pra não me aborrecer. ela mandou a cópia do orçamento feito pela oficina, e disse que se eu preferisse uma segunda opinião ~de alguma oficina da minha confiança~, eu podia falar e ela levava o carro lá sem problemas.

eu fiquei pensando que diabo de mundo é esse que as pessoas partem do pressuposto que está todo mundo enganando todo mundo. era ok eles acharem e dizerem que eu podia passar a perna neles, e achariam absolutamente normal se eu também resolvesse que eles podiam estar me passando a perna.

não, obrigada. eu levo as coisas de um jeito diferente.

eu disse basicamente que confiava na palavra dela, e que ela podia mandar consertar o carro que eu passaria na oficina pra acertar. que eu só precisava de uma nota fiscal, porque veja bem, mundo cão esse em que vivemos.

as respostas dela ganharam emojis, carinhas, etc. a de agradecimento por eu já ter acertado a fatura na oficina tinha carinha piscando, uma carinha com corações no lugar dos olhos, uma carinha mandando um beijo, UM BATOM e uma boca.

=/

terça-feira, 18 de março de 2014

Um arranhão

sabe batida de carro de estacionamento de supermercado? pois foi numa dessas que eu me meti ontem. dei ré, um outro carro também deu ré. batemos. batidinha leve, dessas que não quebra e nem amassa nada. mas arranha. arranhou o meu, arranhou o outro carro. dele, saiu um casal de senhores, que muito bem podiam ser os meus pais. eu me desculpei. imaginei que a gente podia cada um arcar com metade da responsabilidade, e cada um seguir seu caminho. assustada, a senhora ligou para a filha. ou a filha já estava no telefone quando a gente bateu, não sei bem. 

e dá-lhe uma pessoa completamente louca no viva voz do iphone. "quem é a menina? fotografa ela, fotografa o carro, pede os documentos, qual o telefone dela, ela tem seguro?" eu respondia o que achava razoável. "sim, tenho seguro, mas não acho que seja o caso de acionar pra um arranhão." o senhor, claramente atordoado, girava em torno do meu carro fotografando placa, e dizendo que aquilo ia sair caro. claro que não ia. foi um arranhão. chegou um funcionário do supermercado dizendo que era bobagem MESMO, que bastava um polimento e o carro estaria novo. o carro dele. eu nem estava preocupada com o meu. eu lido com arranhões. viver arranha. 

enquanto isso a filha louca no viva voz continuava pedindo telefone. informei e pedi gentilmente que ela me ligasse, pra que eu também tivesse o contato deles. que a gente podia se ligar amanhã, que eles levassem o carro numa oficina e orçassem o conserto do arranhão. a filha agora queria o meu endereço. eu disse que não precisava informar esse tipo de coisa, que não via necessidade. foi aí que a coisa mudou de figura.

"porque nós somos uma família de advogados", ela disse, "e a gente puxa seu nome e endereço através da placa do carro." eu disse "que ótimo, meus parabéns, meu pai também é e eu não vejo motivo pra que isso seja assunto nessa conversa. peguem as informações que precisarem, levem o carro na oficina e me liguem. e a gente acerta." o senhor falava algo como "eu já tomei muito na cabeça antes", ou "já me passaram muito a perna", insinuando que eu queria sair dali pra fugir deles e nunca mais atender as ligações. fiquei puta. parei de falar com ele e me dirigi à filha. "vocês por favor me liguem amanhã com o orçamento desse conserto, e aí a gente conversa." ela sacou a minha irritação, e me pediu pra entender a preocupação dela, já que eram os pais e etc. claro que eu entendo, podiam ser os meus. mas eu já me envolvi em batidas antes e jamais saí insinuando que as pessoas iam agir de má-fé comigo. cansei de deixar pra lá esse tipo de coisa só pra não ter o aborrecimento.

cheguei em casa e chorei. não por causa da batida, mermão, desde dezembro já foram 3, e só essa teve alguma responsabilidade minha. eu lido com isso. eu fiquei brava com a carteirada, com o "nós somos uma família de advogados", com o eu não lhe conheço e isso é motivo suficiente pra eu achar que você vai me passar a perna. eu devia ter feito um BO. na confusão, enquanto eles escaneavam meu carro, eu nem me lembrei de anotar a placa do carro deles. 

arranhão a gente lida, certo? foi só um arranhão. o mantra agora é esse. foi só um arranhão.

segunda-feira, 17 de março de 2014

this is sparta

chegou um segurança no corredor onde eu me sento e perguntou em voz alta:

quem é [meu nome completo]?

olhei pra ele, levantei o dedo e disse que era eu. ele disse que precisávamos conversar, se eu podia acompanhá-lo. "é bronca?", eu brinquei.

ele disse. "É."

sentou-se numa cadeira perto da minha mesa e perguntou se eu era dona de um carro x, com placa tal. era o meu carro. confirmei.

"você foi vista dirigindo na contramão no estacionamento."

(voltemos 3 dias na semana. saímos pra almoçar, eu, a chefa, mais dois meninos da equipe. chovia MUITO. meu carro estava num lugar de difícilo acesso, e eles não iam conseguir entrar a menos que eu puxasse o carro um pouco pra frente. eu sugeri que eu pegasse o carro e encostasse pra que eles entrassem, todo mundo achou a ideia genial, e assim foi feito. o que eu não me dei conta, na hora, era de que esse "encostar pra eles entrarem" faria meu carro avançar um tiquinho na contramão. quando eu estava parada pro galerê entrar, um segurança bateu no meu vidro, me passou um puta esporro, eu me desculpei e saí dali em 3 segundos.)

eu fui vista dirigindo na contramão no estacionamento. pedi desculpas (pro primeiro segurança na mesma hora, e tratei de sair dali imediatamente) pro segundo segurança, esse que me olhava bravo sentado na cadeira vazia do lado da minha mesa. expliquei da chuva, expliquei que era nova e tinha só 3 semanas de empresa. ele me perguntou se eu tinha assinado um documento quando recebi a credencial para o estacionamento, e sim, eu tinha lido e assinado. eu não lembrava da ordem jamais dirigir na contramão, apesar de isso ser meio óbvio. pedi desculpas e disse que ele estava coberto de razão, e que eu ia me comportar direitinho daqui por diante. ele disse que o castigo pra quem desobedecia as regras era UM ANO DE DETENÇÃO, NOT, um ano sem poder estacionar dentro do prédio.

por um segundo eu lembrei que em uma semana, se tudo der certo, eu nem vou estar mais aqui, estaremos todos coxinhas e felizes no bairro coxinha perto de casa, mas nem falei nada. me desculpei novamente, disse que não iria se repetir, e perguntei se seria perdoada só essa vez. ele disse que sim, mas que ele ia pedir para o rh ~reforçar o treinamento~, porque isso não pode ser repetir de jeito nenhum, nunca mais na vida.

escapei por pouco. quando ele foi embora a chefa riu, brincou, assunto morreu.

trabalhei até muito tarde na sexta, e saí de uma reunião muito puta com um novo personagem, a ser apresentado num outro post. cheguei no estacionamento e só tinha meu carro. saí dirigindo sem prestar muita atenção.

PELA CONTRAMÃO. de novo. pois é.

agora to aqui morrendo de medo das câmeras de segurança, dos denunciadores anônimos, das regras da empresa. vamos ver se escapo.

sexta-feira, 14 de março de 2014

~adaptação~

na integração, as informações foram claras. tem horário pra entrar e pra sair. como eu tenho ~cargo de confiança~, não bato ponto. quase que queria bater, saudades de ter banco de horas, e coisa e tal. mas esse é um passado que não volta.

dá-lhe acordar 6h45 e sair as 8h de casa. daí eu tava chegando no escritório 8h30, mesmo com a estrada. comecei a sair de casa 8h30, e chegar às 9h. parecia bom, mas aí eu comecei a notar que ninguém chegava as 9h em ponto. chegavam as 10h, 10h30, 11h. e trabalham naturalmente até 19h30, 20h. e eu vou junto. daí, chega a hora de pegar estrada pra casa e eu estou estragada, com os olhos ardendo, morrendo de cansaço. porque eu estava trabalhando há pelo menos 1h quando todo mundo começou.

isso tudo fez com que ontem, quarta feira, eu estivesse completamente pifada. e eu não posso pifar na quarta. tenho que pifar na sexta, quando só faltam mais umas horinhas até que eu possa descansar mesmo. estou aqui tentando alguma estratégia que me permita ganhar uma horinha de sono, não pegar trânsito e ainda assim chegar no escritório com uns 15 minutos de folga antes de o galerê entrar. porque não importa se você chega 1h antes do seu chefe. pode ser um minuto. se ele entrar no escritório e você já estiver lá, você ganhou.

é óbvio que essa é uma tática que só vale por agora. assim que mudar de volta pra são paulo, o cronômetro zera e tudo o que eu deduzi/aprendi sobre horários e funcionamento técnico de firma começa novamente. novo trânsito, nova equipe, novos horários. can´t wait.

a boa é que com isso de me programar pra chegar às 9h40, eu só preciso sair de casa entre 9h e 9h10, e daria tempo de tentar voltar a correr de manhã.

tentar, né? assim que o corpo acostumar com os horários. quem sabe eu consigo até incluir a ioga na programação ao final do dia?  temos aí um projeto de garota que funciona.
pelo menos na teoria.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Regras de vestimenta


lojinha tem regras de vestimenta, people.


eu soube disso na integração. ok, não vou fazer drama. empresa grande, com um mundo de funcionários de chão de fábrica. as regras valem pra todos. geralmente eu quebro as regras sozinha, aos poucos, quando sinto que tem espaço. 

em idos de 2012 a grande corporação me deixou levemente coxinha, e ainda assim eu era vista como ~pessoa de visual alternativo~. para sempre vou me lembrar de passar pelo ceo da minha área, certa vez, usando minha camiseta de caveira, e ele lançar um "legal sua camiseta". jamais saberei se houve ironia, se era um elogio sincero, se ele me achou audaciosa e levemente quebradora de regras, e fez menção à coragem (ou cara de pau). eu estava cansada de circular entre camisas sociais, saias lápis e sapatinhos de salto do capodarte.

bons tempos os de 2010 e 2011, na firma colorida, quando eu usava short curto com meia calça e saltinho, ou tênis, ou macaquinho, e ninguém falava nada, e todo mundo entendia que a livre expressão da personalidade não atrapalhava o trabalho. várias foram as vezes que vi a chefa de short, ou de maria chiquinha, só porque sim. mas os tempos eram outros, eu pesava 8kg a menos e as coxas de fora não eram um statement como seriam hoje.

não pode saia curta, não pode short, não pode calça jeans rasgada, não pode bermuda pra homem, não pode legging. a cada item explicado, o rh bonzinho quase que pedia desculpas, porque ele sabia que as outras 3 pessoas ali comigo eram de áreas que teoricamente permitiriam uma ou outra brincadeirinha. a verdade é que na prática, tudo pode, mas com parcimônia, com bom senso. (isso é conclusão minha, da vida em geral. não foi o rh que disse, o rh jamais diria isso.) mas o que é bom senso? ele disse que certa vez podia legging, e uma funcionária do ~chão de fábrica~ apareceu com uma legging branca super apertada e transparente, e com uma calcinha vermelha por baixo. dava pra ver tudo, e galere surtou. parece que deu até demissão, jamais saberei. cada proibição mencionada veio com a história que gerou a proibição. era sempre um caso de chão de fábrica, mas a vida já me ensinou o suficiente pra saber que falta de noção e falta de bom senso a gente vê em qualquer lugar, não depende de classe social ou nível hierárquico. a parte boa é que como a chefa também é ~pessoa de visual alternativo~ sobra uma liberdadezinha de ir sentindo o ambiente e brincando um pouco com o que se veste.

por enquanto, venho lançando mão das calças compridas e blusinhas e cardigãs, mas isso vem provocando uma sensação de constante desaparecimento da personalidade. nunca fico absolutamente satisfeita com o outfit do dia, sempre acho que está sem graça, que não sou exatamente eu, ali. do meu guarda-roupa, especificamente, a proibição afeta mais as saias do que qualquer outra coisa. tenho muita roupa curta, e ainda que sempre lance mão de meias calças engraçadinhas pra não ficar exposta em ambiente corporativo, ainda não tive coragem para fazer graça.

talvez quando a gente for pro escritório novo, só com a galera da interwebs, no bairro mais coxinha de são paulo, eu resolva brincar um pouco mais. até lá, sigo sem graça.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Toda uma insegurança

talvez ainda leve algum tempo até que eu sinta os meus pés fincados no chão. as reviravoltas na vida dos últimos 6 meses me deixaram insegura. e isso não necessariamente é ruim. os dois últimos anos foram pesados. acho que só me lembro de ter tido calma na vida profissional até 2011, e estamos falando de um período de apenas dois anos depois do ano louco que foi 2009. 

então, foi assim.

2009 foi louco, mas não necessariamente ruim. quer dizer. mais ruim que bom.
2010 foi bom, foi ótimo.
2011 foi bom, foi bem bom ainda.
2012 foi horrível
2013 começou com cara de bom, mas ficou tão ruim que envenenou o resto todo.

e é claro que estamos falando apenas profissionalmente, já que minha vida pessoal, desculpaê, é ótima.

eu fico tentando identificar algum padrão, tipo um código que me mostre alguma repetição e me permita prever se 2014 será bom ou ruim. falho miseravelmente. resta apenas trabalhar e esperar que a sensação de insegurança passe e eu consiga sentir os pés firmes no chão, e apenas ficar feliz com a certeza de que eu continuo boa pra caralho, com o perdão do palavrão. por enquanto, eu apenas tateio.

minha insegurança do momento, por exemplo, é o período de experiência na lojinha. toda empresa é assim, 45 dias de experiência extensíveis por mais 45. depois dos 90 dias, os 3 meses oficiais, o contrato vira automaticamente definitivo. eu sei que tenho um feedback ao final de 45 dias, e por alguma razão completamente louca, eu enfiei na minha cabeça que algo pode dar errado até lá. eu não sei exatamente o que. se eu vou ser incompetente, se não vou me adaptar, se as pessoas não vão gostar de mim. eu fico achando que algo que eu não controlo vai me atropelar e eu vou lidar com a sensação de joblessness novamente. quais as chances de fato de algo acontecer? pequenas, EU SEI. mas isso é ser racional, e racionalidade, amigos, não trabalhamos.

não é uma sensação nova. o meu contrato na firma antiga dizia que se eu saisse antes de 3 meses, precisava pagar uma multa. e eu entrei pensando que tinha que aguentar 3 meses, e que só podia decidir se queria continuar depois disso. havia também o medinho de que, findos os 3 meses, a empresa me dispensaria. tudo bobagem. deu tudo certo e eu só saí de lá por motivos de picuinha com a namorada louca do chefe, um tempão depois. não foi por incompetência. foi falta de ~inteligência emocional~ mesmo, desta que vos escreve. 

eu só fico querendo que a vida se acerte. a vida já se acertou, mas eu busco a sensação, sabe? a sensação de que a vida está certa. e isso, eu acho que ainda leva mais tempo.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

lojinha. dia um.

lista de preocupações do primeiro dia de trabalho depois de 5 meses sabáticos:

como vai ser o trajeto para a cidadevizinhadepoisdealphaville? vou ter companhia pra almoçar? vão deixar meu carro entrar no estacionamento? vão liberar os acessos todos às portas todas? terei gavetas? terei um notebook? tendo um notebook, seria ele um PC? aimeudeus eu não sei mais mexer no windows maldito. como é que se scrolla mesmo sem usar os dois dedos? terei gavetas? terei tomadas pra carregar o iphone maldito que descarrega o tempo todo? terei acesso a e-mail e sites variados? redes sociais? vai dar pra comer direito no refeitório? devo levar casaco caso o ar-condicionado seja congelante? terei vida?

pessoa desacostuma fácil com a vida corporativa. o trajeto foi tranquilo, 29km (POIS É) em 35 minutos. dia bonito, disco do vampire weekend no ipod pra já ir me preparando pro lollapaloosa em abril. todo o tempo vencido na estrada se esvaiu tão logo eu cheguei. autorização uma, autorização duas, pega carimbo, volta, para o carro (só por hoje, enfatizou o segurança, depois tem que ter credencial). anuncia o nome, ramal não atende, senta, espera, passa mais meia hora e adivinha só. ninguém tinha sido avisado que eu cheguei. fui resgatada pela nova chefa, sorridente e com sapatilha igual à minha. o crachá é provisório e ainda não libera nada em lugar nenhum porque tem algum sistema que tem que ser liberado e bla bla bla.

eu sorrio. :) tudo beeeem.

gavetas não existem e as workstations são relativamente pequenas. mas é espaço suficiente pra eu me espalhar. existem paredinhas, e eu acho isso ÓTEMO. odeio que bisbilhotem minha tela. a paredinha é acolchoada, daquelas de prender alfinetes com coisinhas. achei ótimo. ganhei um note (check!) que só chegou no fim da tarde, ainda sem acessos aos sites variados, mas autorizações em curso (check!). windows 7 bombando na tela e eu tinha esquecido até como é que se faz print. mac deseduca a gente, né? mas queria abrir um parêntesis e agradecer à dell que copiou bonitinho a apple e SIM, tem scroll com dois dedos. viva!

credencial liberada para o estacionamento (check!), alma provisória (morro com esse nome) ainda sem funcionar, informação de que SIM eu terei carnaval (alou praia, me espere), tudo nos conformes.

tomadas são 3, e eu já botei iphone carregando o dia todo. adoro tomadas. me chamem de louca. <3 redes sociais serão liberadas amanhã (oremos), mas foi bem tranquilo me manter conectada a partir do iphone. o refeitório eu permaneço sem conhecer, porque chefa fofa disse que no meu primeiro dia eu merecia ir comer fora, e me carregou prum restaurante NA ESTRADA, de carona com uns desconhecidos que soltavam fogo pelas ventas por alguma merda que alguém tinha feito uns dias antes.

ah, o mundo corporativo. <3

i'm going back to the start =]

2013 fez 10 anos que eu me formei. sou publicitária, passei meu último ano de faculdade dentro de uma das ~grandes agências~ desse país.  eu era bem encantada com esse mundo, e tinha lido todos os livros sobre as vidas dos grandes publicitários. na sala de aula, os colegas me olhavam com curiosidade, e eu enchia a boca pra dizer onde trabalhava. atendia uma das maiores contas de varejo do país, e tinha um futuro brilhante pela frente. na publicidade, vejam bem.

dois meses antes de me formar, e de ser contratada, perdemos a conta. uma dessas coisas que acontecem. todo mundo demitido. a agência bonita, com vista incrível para a praia do flamengo, com luzes apagadas. era o fim. eu não seria contratada, e as pessoas que me contratariam também estavam desempregadas.

uns meses depois, meu primeiro emprego. foi por acaso, e eu fui contratada porque escrevia bem. precisavam de uma redatora. uma empresa ~de internet~. foi ali que eu conheci alguns dos meus melhores amigos, foi ali que eu fui mordida por esse bichinho. eu caí em internet por acaso. e eu fiquei por escolha.

saí dessa empresa quase um ano depois, entrei em uma startup, fiquei mais um tempão, mudei pra são paulo, e o resto da história todo mundo já está cansado de saber. 

a empresa que eu trabalhei no meu primeiro emprego em internet foi comprada por um grupo muito muito maior. e esse grupo cresceu mais desde então. esse grupo é realmente gigante hoje em dia.

~e esse grupo acaba de me contratar~

então é isso. 10 anos depois, uma volta ao início. um arco perfeito. com a diferença que agora o cargo é mais legal, e eu realmente amo fazer o que vou fazer lá. tem julinha, amiga mais querida do mundo, na equipe do rio de janeiro. quase dei um gritinho quando digitei o nome dela nos contatos de outlook e ela estava lá, a dois cliques. achei mais pessoas de dez anos atrás, e acho que vai ser divertido mesmo reencontrar esses rostos do passado.

a vida, quando se acerta, se acerta bonita.

~

por motivos de carinho, a partir de agora, o nome da empresa em que eu trabalho, para fins bloguísticos, é lojinha. :)

sábado, 15 de fevereiro de 2014

back on track

mercúrio retrógrado trollou de todas as formas o meu call com amsterdam. eu não ouvia, a rh não ouvia, a ligação não completava. remarcamos pra dois dias depois. cheguei a fazer um roteirinho do que queria dizer, e talecoisa. e o call não aconteceu. nenhum e-mail dela pra explicar o sumiço, nenhum e-mail meu perguntando o que houve. não era pra ser. tinha outra coisa guardada praquele dia.

**

meu despertador tocou 8h45. eu sempre acordo, desligo a soneca e checo e-mail no celular. fiz isso. tinha um e-mail, que chegou 8h43. proposta trabalho era o subject. pulei da cama, meu menino dormindo. o medo, velho conhecido. medo de a proposta não ser da empresa que eu queria, de o salário ser abaixo do que eu esperava. rolei os dedos em busca dos números. e era bom. era exatamente o que eu havia pedido. a empresa é aquela que eu vinha conversando desde novembro, que me levou pra cidade vizinha de são paulo, onde fica a sede, que me levou pro rio no dia que eu aproveitei pra ver a yayoi kusama. a sede nova, em são paulo, perto de casa, fica pronta em poucos meses. até lá, bora pegar estrada um tiquinho.

fiquei meio anestesiada, deitada na cama. sem saber o que estava sentindo, se estava feliz, se estava assustada. acordei meu menino e ele me ajudou a entender que SIM, isto era uma boa, uma ótima notícia. que é a vida entrando no eixo, que é a vida se acertando.

cortei o cabelo com o cabeleireiro querido, bati perna pela Oscar Freire e gastei uma pequena fortuna em calças jeans com a minha irmã. avisei dois ou três amigos queridos. o resto, preguiça. acho que eu nunca mais vou ser a mesma depois desses últimos 5 meses. tirei a lente cor de rosa do rosto. estou mais reservada, acho. mais desconfiada. mais descrente.

começo semana que vem. estou animada, mas levemente assustada, desacostumada com essa vida de sair de casa todos os dias. nada que eu não reaprenda rápido. a vida se acerta, e eu me acerto junto.



terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

mercúrio retrógrado strikes again. (mas eu to diboua, como se diz por aí)

minha irmã veio visitar. na verdade ela já viria mesmo, resolveu fazer pós graduação em são paulo, e isso fará com que nos visite uma vez por mês, pelo menos. mas eu e meu menino fomos pra cidade siderúrgica (porque deu vontade =]) e ela aproveitou a carona. é bom porque eu continuo tentando preencher minhas semanas enquanto as respostas todas não vêm. é companhia.

minha vida vida é esperar. a rh de uma das empresas que eu vinha conversando (a mesma que me mandou pro rio pra fazer entrevista, em novembro - vejam bem a demooooora do processo) me ligou quarta passada, dizendo que ia me mandar uma proposta por e-mail.

e nada. passou quinta, passou sexta, passou o final de semana, nada de proposta. mandei e-mail, ela respondeu dizendo que teve um atraso, mas que é pra esperar que já já a gente se fala. (mercúrio retrógrado bombando, néam?). eu to no escuro se é boa ou ruim, mas é uma proposta, certo? nesse meio tempo surgiram mais 3 entrevistas. uma delas é um call com uma empresa muito legal. em amsterdam. pois é. amanhã. vamos ver.

can you imagine?

com a minha irmã por aqui, fomos para o shopping. comprei maquiagens e sapatos. tão errada, eu sei. devia estar economizando, eu sei. quero comprar uma poltrona nova (outra, pois é, não sossego), mas esse tipo de coisa é cara, e pra isso eu preciso da proposta. pra saber em que pé estou na minha vida. pra saber se eu reajusto as velas e vivo com menos (eu super vivo com menos, vejam bem) ou se posso continuar alocka gastando os tubos em coisinhas coloridas e felizes.

nesse meio tempo, sorvete. a vida é boa, ontem choveu, o céu de fim de tarde é alaranjado e eu continuo achando a vida uma coisa daora, como se diz em são paulo. eu só preciso mesmo ajustar esse pequeno desalinho profissional pra que tudo volte a mais incrível perfeição.

amanhã, terapia. entrevista por skype com amsterdam. medinho.

depois, karaoke.bora aproveitar a vida, né?

=)

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

eu sou a minha própria barbie. podem rir. eu me dei conta disso, eu tenho me dado conta disso com alguma frequencia. minha barbie nunca foi adolescente, nem pessoa de vinte e poucos anos. ela era adulta, tinha casa, marido. tomava conta da propria vida e era relativamente bem sucedida. não que eu seja suuuuper bem sucedida, vejam bem, ainda mais agora nesse ~momento sabático~. mas eu me pego discutindo se o multiprocessador que tem juicer vale mesmo a fortuna que ele custa, dou dicas de máquina de lavar e ar-condicionado portátil. contratando faxineira, comprando verduras no supermercado. fazendo as unhas. uma coisa assim muito grown up.

serena van der woodsen, em relacionamento sério e estável um menino legal, me disse que sábado, indo para o interior de carro, com namorado e cachorro a tiracolo, teve uma epifania. aquele era um momento feliz. tudo estava certo. tudo estava no lugar. eu sorri e disse pra ela que esses momentos aparecerão cada vez mais, porque comigo foi assim. e que naquele mesmo sábado eu tinha tido um desses, tomando um sorvete gigante perto de casa e assistindo o meu menino respingar o sorvete dele na camiseta. <3

eu não sei bem como foi que aconteceu isso de eu me olhar e estar tudo no lugar. tudo, sabe? a vida se acerta. eu olho no espelho e gosto do reflexo, me acho bonita a ponto de não ter vergonha de colocar biquini. uma vergonha que me acompanhava há 10 anos atrás, quando eu era mais magra e provavelmente muito mais bonita, mas eu não via, eu não me via como me vejo hoje. não é o corpo que conserta, até porque eu continuo odiando exercício físico. é a cabeça. talvez seja a terapia, o equivalente da academia, que traz resultados mais imediatos e duradouros. são 4 anos de análise, divã, freud na veia. taí um dinheiro bem gasto. dinheiro gasto comigo, sabe? 

aliás, 3 anos hoje, desde aquele café na starbucks. and counting. <3

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

eu andei irritada, eu andei puta da vida e descrente. passou. amigo bicha má félix me queimou, fui lá nos meus amigos que trabalham com ele e contei tuuuuudo. agora a belezinha trabalha em campo minado. e eu sei de tudo o que ocorre, inclusive que ele é odiado pela (minha ex) querida equipe. não que faça alguma diferença. venho tratando na terapia a minha coragem de ir lá perguntar PORRRRR QUEEEEE, mas no momento estarei adiando por motivos de evitar a fadiga.

tenho objetivos maiores. que incluem me recolocar profissionalemente o mais rápido possível para gastar os tubos em cadeiras, que é o que eu faço de melhor nessa vida. <3

nesse meio tempo, entrevistas, esteira, mais do mesmo. jantares com queridos, com o namorado. inverti os móveis de posição, resolvi tirar as manchas do chão. to virando dona de casa, quase que com toc. cada canto da residencia de cor. uma fila de projetinhos. alguém precisa me parar. antes que eu surte e vire a martha stewart de pinheiros.


domingo, 12 de janeiro de 2014

coisas da vida

são coisas da vida, a ju me disse quando eu contei o que o babaca que eu chamava de amigo fez.

coisas da vida.

não, não são. pelo menos não na cartilha que eu aprendi. amigo ajuda amigo. pra destruir todo o resto existe todo o resto das pessoas. aquelas a quem nós não chamamos de amigos.


sábado, 11 de janeiro de 2014

2014

foram dez dias inteiros de rio de janeiro. foi bom. eu vi amigos antigos e queridos. vi os bebês que nasceram nesses últimos anos, e que eu ainda não tinha ido conhecer. vi a praia, sujei o pé na areia, tostei ao sol depois de muitos anos sem fazer isso. comprei biquinis, tomei sorvetes, passeei pelo centro. recebi amigos de longe e apresentei a cidade, bondinho, cristo. lapa. o calor era quase insuportável e as fotos ficaram bonitas. no finzinho, dois dias na cidade siderúrgica, jantar com irmão, sorvete com irmã, aniversário de pai. foi bom. são paulo nos recebeu menos quente, e aparentemente logo depois de um double rainbow. estávamos na estrada. eu sinto saudades de casa, sempre. as plantas morreram sem água, e estou aqui pensando se tento uma manobra de ressuscitação ou abraço o novo de vez, jogando essas no lixo e comprando novas. terminei o único livro que li em 2013 no dia 6 de janeiro, na praia. e era livro sendo relido, o que soma um belo e redondo zero ao quesito leituras de 2013. pra compensar, coloquei dois na cabeceira, e já comecei a ler um deles. a long way down, do nick hornby. uma das coisas que eu quero pra esse ano é redescobrir a paz que eu costumava achar na leitura. eu perdi isso há tanto tempo que nem me lembro mais.

foram 3 entrevistas ontem. estou bem exausta. exausta da vida, meio sem forças pra recomeçar essa fase tensa de recolocar a vida nos trilhos.lidando com as ironias todas do reaparecimento de john armless, mas lidando ainda mais com a descoberta de que um "amigo" me queimou pra uma vaga na firma colorida. acho que por se sentir ameaçado, não entendi direito. era uma vaga mais legal que a dele, com o ex chefe dele. e ele disse que eu não servia pra ela. fiquei sabendo por acaso, é impressionante como essas histórias sempre caem no meu colo. meu nome foi ouvido por uma outra pessoa, que nem tem nada a ver com isso, e que resolveu me contar o que ouviu. primeiro eu fiquei com raiva, depois chocada. agora eu só estou triste, mesmo. se tem uma coisa que eu estou aprendendo com a serie de eventos desafortunados que se tornou a minha vida nos últimos meses é que a ana está certa, sempre esteve, quando dizia que eu estava era muito errada de tratar as pessoas como pequenos milagres da natureza. algumas pessoas são horríveis, pequenas. e fodem com tudo de bom que a gente acredita que existe.

é fase, né? já já a vida se acerta.

quando mesmo?