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quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranqüilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado...

sonhei com a minha tia, com quem ninguém da família fala há anos, tirando a trégua da morte da minha avó. sonhei que o namorado tinha tatuagens, muitas, e eu não entendia como elas tinham ido parar ali, no peito e nos braços, sem que eu tivesse notado. eu perguntava e ele dizia o significado delas, todas meio aleatórias, mas bonitas, e dizia que tinha feito ainda outro dia. sonhei que eu andava num carrinho de rolimã, e ele meio que era o meu meio de transporte para distâncias curtas. Sonhei que tinham feito obras na minha rua e nada mais fazia sentido, ela tinha sido cortada em duas e ganhado uma espécie de viaduto. não era mais uma linha reta ir na casa da ana, e eu não sabia direito como chegar lá. sonhei que tinham roubado a minha carteira com tudo dentro, porque eu deixei a bolsa aberta e meio largada num canto. sonhei que eu andava descalça por uma empresa, e nem me incomodava com o esmalte meio descascado no dedão. eu descia um elevador panorâmico e um menino me perguntava se as empresas eram sempre assim, tão difíceis de crescer. eu respondia que não sabia, que estava apenas de passagem. de repente eu estava na casa da minha avó e ela estava sentada na mesa, minha tia e minha mãe em pé. minha avó estava forte e bonita, bem mais jovem. eu a abraçava e chorava e dizia que ela estava linda, e que eu sentia muitas saudades. eu saia da sala e via que o meu celular estava aberto, que alguém tinha destravado a senha o bisbilhotado as fotos. eu brigava com a minha mãe e a minha irmã por causa disso, e aí minha tia assumia a responsabilidade, dizendo que eu havia dado as senhas pra ela. de repente, eu ia buscar em casa o irmão de uma amiga grávida porque a gente tinha que ir ao cinema, só que em miami.

juro.

tudo isso em uma noite. no mesmo sonho. o_O

2013 me matou um pouquinho.

Me puxou o tapete, mas não foi assim de surpresa. Esteve à espreita durante meses, esperando eu estragar tudo sendo eu mesma, só aguardando que eu lançasse mão dessa minha habilidade tão específica de sair do meu lugar (quem foi que mandou?) e resolvesse assumir o papel de justiceira, defensora dos fracos e oprimidos, da moral e dos bons costumes, do profissionalismo e da ética. Tava ali, só de olho. Eu escorreguei, me comportei mal, comprei brigas erradas e olha só. Vamos todos ao chão. Quer dizer. Ao chão fui só eu mesma, e vida que segue. Recolha seus cacos, engula seu choro. Pare de reclamar, a culpa é só sua. É minha culpa, eu sei. Consigo ver cada cantinho do trajeto, refaço meus passos. Fui tão estúpida e ingênua, meodeos.

2013 me jogou na cara umas coisas tão velhas. Eu me vi em 2005, depois em 2003. Cometi esse ano erros tão parecidos. Eu me esforço pra não terminar 2013 como eu terminei 2003 e 2005, absolutamente sem fé nas pessoas. Não está sendo fácil. Passei o ano me deslocando do meu lugar pra defender, apoiar, ajudar, brigar, reclamar, consertar. Pra 2014, fica a resolução. Fico no meu quadrado. Desculpaê, vamos poupar energia. Precisa. Eu ando tão exausta. Não quero saber dos problemas de ninguém, porque dos meus, olha só, conto nos dedos de uma mão quem se interessou. Lidei com gente mesquinha, gente má, gente estragada e talvez por isso empenhada em fazer da vida dos outros um pequeno inferno. Mas não procuro desculpas, não mais. Não é meu papel abrandar as maldades dos outros com explicações freudianas. Cada um sabe de si. Cada um dá o que tem. Eu dei muito, porque tive muito a dar. Agora não. Estou esvaziada. Tem mais nada que não seja pra mim. 

2013 me fez perceber que eu não tenho talento pra vilã, e nem sei bancar brigas desse tamanho. Então, 2014. Capa da invisibilidade. Eu só quero que a vida passe e ninguém me note. Estarei ali, minding my own business, tentando recuperar o que me foi varrido nesse ano. Alguma estabilidade, alguma paz de espírito, alguma calma e realização profissional. Algum sentido em tudo que eu faço. Não pretendo fazer novos amigos, porque já tenho o suficiente, e devo ter de gastar alguma energia trazendo de volta a amiga perdida em 2003, que aparentemente sente muito ter sido uma grande babaca comigo e quer consertar as coisas. E vem morar em São Paulo. E me surpreendeu num momento em que eu estava bem humorada, e disse que sim, tudo bem, eu não guardo mágoa bla bla bla whiskas sache. E me fez ficar pensando se eu realmente não guardei. Porque trouxe de volta o sofrimento da época, por mais que meu discurso moldado de análise me faça parecer bem resolvida. Ela vai trazer de volta todas as minhas inseguranças de rejeição, de achar que eu não posso ser eu mesma que a vida vai dar errado e as pessoas vão se afastar de mim. Pessoinha estragada, diz aí. Mas peraí. 2013 já fez isso. Timing perfeito, hein?

Pra 2014, eu quero paz. Quero ficar quietinha. Tentar acalmar a cabeça e ler, ver filmes, ficar em silêncio. Acalmar essas vozes que gritam dentro da cabeça. Ignorá-las, se eu tiver sorte. Parar de tratar problemas dos outros como sendo meus. Parar de me importar tanto com o que dizem, pensam e falam. Parar de me magoar tanto com as grosserias das pessoas todas, desenvolver uma casca, algo que me isole e me proteja. Parar de varar madrugadas olhando pro reflexo das luzes que enram pelas frestas da janela, sem achar posição, sem conseguir dormir, com a cabeça tão cheia. Tipo hoje.

2013 me deixou mais pessimista e descrente. Como fez 2003 e como fez 2005. Eu não tenho tanta sorte com anos ímpares.

sábado, 21 de dezembro de 2013

ando louca de vontade de escrever. tudo vira post dentro da minha cabeça. eu ainda acho o resultado - os textos - bem ruins, mas escrever é isso, é prática. aos poucos, quem sabe, eu escrevo alguma coisa que eu goste. ainda não aconteceu em muito, muito tempo.

tenho notado uma coisa. se eu não disser que tenho blog para as pessoas, eu até posso ir escrevendo as coisas que teoricamente me incriminam, porque ninguém vai ficar com aquela pontinha de curiosidade. posso falar as minhas palavras queridas todas, simplesmente ignorando o assunto blog nas conversas com pessoas. cara de paisagem, sabe qual é? pois então. vamos tentar assim.

tenho tido vontade de escrever aleatoriedades, sem pretensão alguma. um lugar onde nem seja um problema falar meu nome e mostrar meu rosto. uma coisa meio Marina W, eu gosto TANTO do jeito que ela escreve, do jeito que povoa o blog dela. parece um caderno de colagens. fotos, historinhas pessoais, lugares. associo a sofia coppola, apesar disso não fazer sentido algum.

eu gosto dos finais de semana porque namorado está comigo, e as semanas têm sido muito solitárias. não to reclamando, por incrível que pareça. outro dia eu tive uma reunião do freela, e nem era longe, mas era a maior subida até o escritório. peguei metrô, e foi a maior volta do mundo. eu me vejo falando sobre trabalho, contando as minhas descobertas das longas conversas com as pessoas que eu andei estudando, e me acho tão legal. eu realmente sei o que eu estou falando, não tem insegurança nessas horas. é engraçado, mas eu ando mais insegura. talvez sejam as férias forçadas, talvez seja porque de leve eu esqueci como eu funciono em ambiente corporativo. não tem motivo essa insegurança. e é bom me dar conta disso agora, quando tudo está meio em suspenso.

fico pensando em 2014. tem horas que eu acho 2013 horrível, mas olha, nem foi. claro que teve esse revés de trabalho, mas eu não sou só trabalho. eu sou namorada, sou amiga, sou moradora de um apartamento colorido que cada cantinho fui eu que pensei. tem as plantas que eu matei e as plantas que eu ainda estou tentando salvar. tem os planos eternos de emagrecimento, mas olha, nem me acho gorda. não que fosse um problema. quer caber nos vestidos de 2009 e 2010, só isso. quero olhar no espelho e me achar bonita, mas então, isso eu já acho. autoestima bombando por aqui. unhas roídas ficam curiosamente interessantes se você pintar com algum vermelho chamativo.

2013 eu só li um livro. olha que vergonha. não sei o que houve, e nem quero dar desculpas. fico meio envergonhada porque o namorado é uma das pessoas que mais falasobre leitura na vida, e lê tanto, o tempo todo. é associado a isso. e eu aqui. navegando no pinterest e no instagram, assistindo seriados. nem filmes eu tenho conseguido assistir em casa. não consigo ficar parada, me dá uma gastura. eu comecei about a boy pela terceira vez em janeiro, e ele está aqui, o quarto final faltando, marcado com marcador. eu adoro marcus e will, tanto, mas nem eles conseguiram me aquietar. a estante cresceu com pilhas e pilhas de livros. alguns eu ganhei, outros tantos eu comprei. fiz um pacto comigo. vou terminar esse, e tentar ler mais em 2014. porque eu já fui compulsiva, e leitura deve ser tipo escrita, é hábito, a gente retoma.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

daí, horas depois, uma headhunter me adicionou no linkedin, dizendo que tinha uma vaga e queria falar comigo.

respondi. ela respondeu pedindo meu telefone. respondi. ela ligou.

uma vaga absolutamente foda, numa empresa legal que vários amigos já trabalharam. me acho meio inexperiente para a posição, mas vamos manter isso em sigilo. entrevista marcada para a primeira semana do ano.

mal eu havia terminado de falar com ela, a menina que me indicou pra vaga naquela empresa que teve entrevista no rio e aí resolveu participar do processo e concorrer comigo me mandou uma mensagem, dizendo que tinha me indicado pra essa vaga, e que estava torcendo pra dar certo.

eu nem acreditei que era ela, de novo, agradeci. e perguntei se, afinal de contas, ela estava indo praquela empresa.

ela respondeu que sim, que mudou de planos e resolveu ficar no brasil, e que a oportunidade era incrível. me pediu desculpas por me indicar pra vaga e depois roubar ela de mim.

imagina, eu disse. eu fui sincera. ela fez muito por mim até agora, mais que todos os meus melhores amigos, somados. como é que eu vou ficar puta com ela?

ela continuou dizendo que ia ter mais vagas por lá, e que ela estava super de olho pra me indicar pra todas as vagas que visse.

e sabe de uma coisa? eu acredito nela. :)

começou com a julinha me mandando um link de uma empresa aparentemente incrível.

em amsterdam.

disse que o headhunter caçou ela no linkedin e que parecia muito legal.

"não deve ser aquelas paradas de tráfico de órgãos, né?" disse. eu adoro as paranoias dela, e disse que não, mas resolvi checar. lembrei de um menino que trabalhava na firma colorida e que estava de mudança justo pra amsterdam. empoucos minutos, descobri que era a mesma empresa.

resolvi olhar o site e encontrei sete, SETE vagas com o meu perfil. perguntei pro namorado o que ele achava, e ele me incentivou a enviar. enviei. achei o headhunter no linkedin e mandei outro email, dizendo que queria ser entrevistada. ele respondeu pedindo o currículo.

isso foi ontem. hoje eu estava tomando banho e o telefone tocou. minha mão me liga todo santo dia esse horário, e eu estava cheia de shampoo na cabeça, e resolvi não sair pra atender. quando olhei o celular, tempos depois, era uma sequencia estranha de números.

ligação internacional. FAIL. ao mesmo tempo, um e-mail de outra headhunter me perguntando como eu me sentia em relação a relocation (brasil -> amsterdam = i feel just fine) e se eu tinha visto de trabalho para a holanda. não tenho e nem faço ideia de como conseguir, eu disse. mas quero.

assunto morreu e eu comecei a pesquisar a empresa. prédio incrível às margens de um canal, estacionamento de bicicletas <3 <3 <3 na frente. tem coisa mais amsterdam que isso? depoimentos de gente de todo lugar do mundo, absolutamente feliz por fazer parte daquilo, amando o trabalho, as pessoas e a vida. me empolguei e me vi morando em alguma casinha velha, decorada com ikea, talvez até um gato - porque gatos combinam com casas de tijolinho.

nem é tão bizarro, se a gente for pensar bem. namorado vai fazer mestrado em londres, e a distância já é um assunto que povoa a nossa rotina. se eu estivesse em amsterdam, estaríamos bem mais perto. finais de semana juntos. cada um deles.

quem sabe?

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

as unhas estão roídas e eu estou reclusa. passei uns dias de vai e vem na rua, por causa do freela. um trabalho que eu adoro fazer, de pesquisa, de investigar gente pra depois dizer pra eles o que eles precisam. tenho andado a pé, tanto, tanto. música nos ouvidos e passos largos. no final do dia o aplicativinho querido no iphone avisa. andei muitos e muitos km. muito mais que na esteira, e quase sem sofrimento. a rua me acalma, mas ainda assim, havendo oportunidade, me tranco em casa. muito de vez em quando eu vejo os amigos. não quero falar de mim. ando chorona. 

há dez dias uma amiga que sumiu da minha vida (e partiu meu coração com o afastamento) me mandou uma mensagem, dizendo que sentia muito, e que precisava consertar as coisas comigo. eu li a mensagem de madrugada e chorei. dormi, acordei e respondi. sempre é tempo de recomeçar, foi o que eu disse. eu sempre quero acreditar nisso. uns dias depois, o ex amigo psicopata de estimaçao também mandou mensagem. querendo ajuda com indicações de uma pessoa pra trabalhar com ele. eu estava a caminho da terapia, e cheguei lá e chorei. desta vez era raiva, ainda. eu não entendo como ele pode achar que é ok falar comigo como se nada tivesse acontecido. não é. eu não quero contato, eu ainda tenho medo se esbarro nele na rua. eu não sou amiga dele pra "dar uma ajudinha". eu não indico ele profissionalmente, porque nunca trabalhamos juntos, eu não teria como saber. eu não indico ele pessoalmente, porque veja bem, ele foi a pessoa que mais me assustou e amedrontou na vida. e eu não consigo conceber a ideia de indicar alguém pra estar perto dele. a amiga de dez anos atrás disse que eu havia sido o maior rompimento da vida dela. ela nem foi o meu. ele foi. eu nem gasto tempo pensando nessas pessoas, mas eu me senti meio atropelada por ser acessada pelos dois num espaço de tempo tão curto. num momento em que eu estou tentando conservar as minhas energias para sobreviver a dezembro. que eu estou fragilizada e triste.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

:~

as coisas ficam ruins e eu calo. as coisas não melhoram com isso. tem sido especialmente difícil. tudo o que pode dar errado, dá. uma das empresas que eu estava falando me colocou em duas entrevistas via skype. foram horriveis. não sei direito o que houve, mas acho skype um troço bizarro pra avaliar uma pessoa. não se olha no olho, não se tem ideia de como as coisas vão andar. eu desliguei a ligação com a certeza de que não tinha passado. isso foi há três semanas, e essa semana recebi a ligação com a informação de que tinham decidido provover alguém da equipe pra essa vaga.

andava praguejando contra os ~amigos~. tentando imaginar onde diabos eu acreditei que porque eu sempre fui legal e indiquei pessoas ia virar uma espécie de karma positivo e eu ia poder contar com eles quando precisasse. surgiu um freela esses dias, e eu pelo menos tenho conseguido me manter ocupada um pouquinho. mas não é o suficiente pra exorcizar meus demônios. eles andam comigo, o tempo todo.

a menina que eu esbarrei na entrevista no rio postou aquele cliché dos clichés no facebook. ch-ch-changes. o que muito obviamente significa que ela está trocando de emprego, porque david bowie sempre surge cantando changes na timeline logo antes de aparecer a troca de empresa. foi ali que eu tive certeza. a vaga da entrevista do rio já era.

daí eu vi no linkedin uma das vagas que eu tava concorrendo na empresa que eu mais queria, e que nunca tinha visto anunciada. postaram ontem. bastou isso e meu mundo caiu. não tem esteira que conserte, não ~sair pra ver os amigos~ que resolva, não tem justificativa que dezembro é assim mesmo que justifique. 

eu só queria dormir até 2014. ou até 2015. 

como isso também não seria possível, escrevo.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

dezembro

dezembro chegou e eu estou carregando o peso do mundo nas costas. faço terapia e sinto que os assuntos são sempre os mesmos. a minha ansiedade, o meu medo de que a vida não se acerte, o tempo todo que eu tenho livre e preciso preencher. os dias passam e o telefone não toca. dos quatro processos seletivos que estou participando, só um tem mais etapas (entrevistas) pela frente. os outros, espera. e dá-lhe paciência. eu respiro e tento acreditar que antes que eu perceba tudo estará terminado, e a vida terá se acertado. mas dezembro chegou e já desde novembro eu sinto as coisas desacelerarem. e eu preciso lidar com a ansiedade. terapia.

quando o coração aperta, eu corro/ando 5km. é a única coisa que eu controlo. gasto minha energia na esteira, sozinha, assistindo episódios antigos de will and grace ou ouvindo funk no ipod que também marca a distância e o tempo. sofro cada segundo. não sei como as pessoas conseguem, quem sabe um dia me torno uma delas. quando acaba, eu estou feliz. feliz por ter me comportado direitinho e feito a única coisa que eu posso fazer nesse momento de vida em suspenso. correr. ou tentar correr. ou morrer aos poucos, e traçar metas imaginárias, tipo só mais 300m, eu consigo. e depois que eu consigo, mais 300m.

tenho tido muito medo de surtar, da ansiedade me vencer. me concentro em controlar o que eu posso. o pouco que eu consigo.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A vida continua na mesma. Os processos são longos e demorados. Sempre lembro da Susan Miller dizendo "great positions take time"e tento me fiar nisso pra não desabar. Na maior parte do tempo sou bem sucedida. 

Tenho cá comigo um pequeno ranking (esse mundo maravilhoso dentro da minha cabeça onde eu tenho opções), mas à medida que o ano vai passando e dezembro começa a aparecer ali na esquina, confesso que desanimo. Ontem estive no Rio pra mais uma etapa. A entrevista foi ótima, mas saindo da conversa eu dei de cara com a menina que tinha me indicado, e que resolveu participar do processo. Como eu sei que ela me indicou porque vinha sendo sondada para a vaga e não queria trocar de empresa, foi bem estranho saber que ela mudou de ideia e que agora estamos concorrendo. Porque ela era uma daquelas que eu observava nos tempos de firma colorida. E eu acho ela melhor que eu. Ponto. Vamos ver o que acontece. Nem sei se é só uma vaga ou mais, eles estão criando todo um departamento, e pode ser que as duas sejam chamadas. Pode ser que não. Tem coisas a meu favor e coisas a favor dela. Ele é mais experiente (e mais cara) que eu, e dependendo da proposta, pode ser que a vaga caia no meu colo. Ela não tem carro e ir pra outra cidade todos os dias pode ser um problema. Ela tem mais tempo de mercado, e se meteu em menos projetos furados. Não dá pra saber.

As outras empresas dormem em berço esplêndido. O black friday afeta o funcionamento delas, e o atraso todo pode ter a ver com isso. Todo dia que termina sem que meu telefone tenha tocado é um tiquinho a mais de preocupação. O medo nem é não voltar antes do final do ano. Eu lido tranquilamente com um dezembro de folga. O medo é não ter notícias, é os processos serem pausados pra janeiro e eu ficar nesse mar de incerteza até lá.

Enquanto isso eu tento não roer as unhas, tento acreditar que a vida se acerta, tento gastar minha energia na esteira. Tudo meio em suspenso.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Mercúrio está retrógrado e eu venho colocando nele a culpa por todos os atrasos da vida. Já não me dói tanto preencher os dias. Na verdade, com o frio que faz em São Paulo nesse novembro atípico, eu gosto mesmo da ideia de ficar quietinha e aquecida em casa. Tenho me dedicado a organizar coisinhas, a ver televisão, ver meus amigos. Passei dias e dias na casa dos meus pais, porque eu podia, vejam só. Tenho tentando manter uns dois contatos/duas entrevistas por semana, pra dar algum ritmo ao momento. Não tenho me exercitado, e talvez esteja aí a minha grande frustraçao do momento. Com o tempo entre um trabalho e outro, eu teria podido começar a correr e criar hábitos saudáveis. Tenho deixado o carro na garagem e ensaiado ir a pé para os lugares. Foi assim hoje, quando fui cortar cabelo láááá na alameda lorena, e resolvi ir a pé. Coloquei regininha pra tocar no ipod e valeu cada passo da caminhada. 8km, Oscar Freire inteiriiiinha, ida e volta. To meio moída agora, mas foi bom sair na rua, ver gente. Olhar, no caminho de volta, o novo corte de cabelo refletindo nas vitrines todas a caminho de casa. 

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

agenda =]

não é que eu tenha sumido. ou que eu tenha parado de escrever. andei fazendo muitas entrevistas e muitos contatos, então vamos a eles.

empresa #1. começou comigo stalkeando o rh no linkedin, mandando e-mail cara de pau dizendo quero trabalhar aí, tem vaga? rh respondeu, e tinha. duas vagas com o meu perfil, mais precisamente. marcamos entrevista e eu passei quase 2h falando descontroladamente. eles foram com a minha cara e marcaram a segunda conversa, com o chefe do cara que seria meu chefe. mais das horas falando descontroladamente. cheguei em casa com uma sensação boa, liguei a tv e tinha propaganda deles na tv. achei que podia ser um sinal. o status agora é esperar a resposta, que deve vir pelos próximos dias.

empresa #2. era uma vaga que não tinha muito aver comigo, mas eu acho a empresa legal e tinha muita curiosidade de conhecer o prédio fodão deles a 3 quadras da minha casa. fui lá e a conversa foi ótima. a mulher gostou de mim, mas eu nem acho que queira essa vaga. tava mais era curiosa mesmo.

empresa #3. fica registrada, aqui, a primeira vez na minha vida que eu fugi de uma entrevista. literalmente. primeiro porque eu tava dirigindo na dutra quando me ligaram, e eu fiquei meio atordoada e acabei marcando uma conversa numa terça feira às 9 FUCKING HORAS DA MANHÃ (horário que eu não faço nem trabalhando, vejam bem). no metrô LUZ, centrão de são paulo, longe pra caramba. depois de pegar metro e achar as redondezas muito bizarras, achar a empresa bizarra e achar que eu não devia estar ali, depois de me anunciarem e esperando a rh (que provavelmente também seria bizarra) eu virei de costas, andei até o elevador e apertei térreo. caminhei sem olhar pra trás. foi bom. quando a rh me ligou querendo saber o que tinha havido eu disse que tinha ~tido uma emergência e que minhas prioridades tinham mudado~. bem louca. :)

empresa #4. indicação da carola, imaginem vocês. ela está trabalhando numa empresa que faz exatamente o que eu sei fazer de melhor. empresa super legal, com sede em outros países. ela me indicou e fez o maior lobby pra me conseguir uma entrevista. e eu pensando em karma positivo, só pode ser isso. porque eu ajudei ela quando ela não esperava, e nem deu em nada, mas ela foi parar num lugar que pode ser genial pra mim e quer retribuir o favor. a empresa é linda, daquelas coisas mais queridas do mundo, colorida e legal com os funcionários. a entrevista foi boa e eu devo voltar lá semana que vem pra segunda etapa. o único contra é que é longe, e eu sou muito mal acostumada em são paulo trabalhando sempre naquele raio de 3km de casa. mas vale o esforço, viu?

empresa #5. concorrente da empresa #4, bem em frente ao escritório que eu trabalhava na paulista. um mundo bizarro, com pessoas bizarras. tive que explicar o que eu fazia umas 4 vezes, e achei o cara que seria meu chefe um completo imbecil. agressivo, me fazia perguntas nada a ver, nao me deixava responder e já me interrompia. falou com orgulho que ali ninguém tinha qualidade de vida, que eles respiravam trabalho. quando eu contei minha experiência em wonderland ele disse que trabalhou OITO FUCKING ANOS lá e que tinha sido ~fantástico~. eu só queria ir embora, e cada pessoa que falava comigo dizia que queria que eu conversasse com mais alguém. depois da 3a pessoa eu pedi desculpas e disse que tinha um compromisso, e que teriamos que reagendar. fugi sem ohar para trás. aparentemente eles gostaram de mim, porque mal eu saí de lá e mandaram invites pra novas conversas e um ~teste psicológico~ que eu deveria responder online. namorado me sugeriu falhar no teste psicologico para escapar deles, mas acabei mandando um email dizendo que tinha aceitado outra vaga e desejando sorte pra eles na busca por alguem para a vaga. socorro.

empresa #6. depois da entrevista na empresa #5 eu fui almoçar com a minha ex equipe. foi incrivel. voltando pra casa, me liga um outro cara, de outra empresa (concorrente coma  empresa #1 e da empresa #7, que eu nem mencionei ainda), querendo marcar uma conversa. indicação da mesma menina fofa que trabalhou comigo na firma colorida. vou conversar com ele em BARUERI, mas só porque ele jurou que vai montar equipe em são paulo em 2014. vamos ver.

empresa #7. tirei a semana de folga e vim pra cidade siderúrgica visitar a familia. eis que toca meu telefone, e é o hedhunter que conversou comigo em julho sobre uma vaga numa empresa concorrente da #1 e da #6, um processo que havia sido pausado depois de eu passar por duas etapas. e eles querem voltar a conversar. boralá.

semana que vem vai ser cheia. to reclamando não.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

outubro

tenho alternado dias muito ruins com dias relativamente bons. nos dias ruins eu mal me levanto da cama. andei emagrecendo, meu menino viajou a trabalho e eu corri pra cidade siderúrgica pra comer feijão feito na hora e brincar com o novo membro da familia, um buldogue francês bebê. voltei pra são paulo numa dutra encharcada, desacostumada a dirigir na estrada e com preguiça. cheguei e tinha esquecido de pagar a conta de internet, vejam vocês. nem bloquearam nem nada, deu tempo de regularizar, mas me dei conta de como ando fora de mim esses dias. me matriculei num curso de dois dias inteiros, quinta e sexta, de 9h as 18h, aquele horário que eu não faço nunca, nem trabalhando. dormi com a janela aberta pra deixar a luz entrar. o curso é uma certificação de algo que eu já faço desde que cheguei em são paulo, mas que nunca fui oficialmente treinada. achei que era hora de tacar coisinhas no linkedin. eu quis fazer esse curso em agosto, mas a firma não estava me deixando tempo livre e acabei adiando. serviu pra ver que eu fiz tudo direitinho, e que eu continuo boa no que eu faço. fez um mês o acontecido. aos poucos eu volto a perguntar dos queridos. o cara de ti foi demitido, duas semanas depois de mim. chefo e rainha assumiram o relacionamento e ele anunciou que está indo pro sul assumir a diretoria de alguma coisa da nave mãe. disse que vai tocar o projeto de lá, mas sabemos que não. rainha de copas vai ter de abrir mão de todo o império construído pra acompanha-lo ~em nome do amor verdadeiro~. nesse meio tempo uma das minhas meninas recebeu uma proposta e pediu demissão, e o que se vê é o chefão desesperado pra mante-la, porque com a minha saída e com a transferência do chefo, não sobrou nada nada do que a gente fazia. a rainha de copas virou gerente de projetos (sem nunca ter sido) e está coordenando os gringos sem falar inglês. eu já escuto os absurdos sem dor, e com um pouco de pena. me concentro em fazer entrevistas, mas nada muito certo, ainda. recebo e-mails de amigas preocupadas comigo, me surpreendo com gente de quem eu não esperava nada super se empenhando em me ajudar. uma das amigas da menina de cabelos vermelhos, vilã da segunda e da terceira temporadas desse reality show, vejam só. fico feliz de ver que eu construí algo legal ali, independente das rivalidades todas. vida que segue. voltei andando do curso e me lembrei de 2009, quando minha cabeça não sossegava e andar pelas ruas de são paulo me trazia pro eixo. saudades do meu menino. saudades de mim entre corredores e projetos.

meu aniversário domingo. horário de verão, um dia de 23h. quase acho isso bom. não estou para comemorações. 2013 tem sido como foi 2012. difícil.

mas o velhinho da cabala que eu visitei outro dia, e que desenhou as linhas da minha mão e disse que eu vou morrer velhinha, disse também que tudo vai ficar bem. 

terça-feira, 1 de outubro de 2013

entrevista numero 4

é uma casa muito bonitinha dentro de uma vila nos jardins. duas quadras pra baixo de onde ficava o trabalho antigo, aquele que eu evito saber como anda, se anda, para onde vai. a recepção é separada por uma estrutura metida a instalação de madeira, e tem uns sofás e pufes espalhados, sugerindo uma área de convivência. era uma área de convivência. tinha um galerê moderninho, de camisetas nerd e barbichas, falando do mercado. agência. me corrigiram. é uma consultoria. 

é nada. se tem cliente, se faz o que o cliente bem entende, é agência.

fiquei esperando sentada numa cadeira, e foi juntando mais gente na salinha do lado. montaram uma mesa e surgiram dois bolos. um doce, um salgado. galere conversando, interagindo, clima descontraído. cansei de olhar o facebook no telefone, cansei de jogar candy crush. não queria olhar pra eles, estava constrangida com o fato de estar sentada ali, na cadeira, esperando uma entrevista que eu nem sabia (e nem sei) se queria passar, no meio de uma festa que ameaçava começar.

chegou o maluco que ia me entrevistar e me salvou da bagunça. perguntou se eu queria esperar o parabéns, eu sorri e recusei. a sala de reunião era no fundo na casa. tudo muito bonito, arrumado. acabamentos detalhados. eu trabalhava num escritório tão feio. isso nem me incomodava tanto, acho. mesmo quando começaram as batidas da famosa reforma, eu já meio que sabia que não estaria lá pra ver tudo pronto.

e o cansaço? e a preguiça de botar um sorriso na cara e mostrar que ~sou a pessoa certa~ para a vaga em questão? nem sei muito bem como eu consegui. vai ver que é o que chamam de carisma. lá estava eu desfiando minhas habilidades, falando sobre o mercado e o que eu gostava de fazer. tentando me encaixar naquele cenário.

nunca me achei carismática. prefiro creditar essa minha habilidade em entrevistas à imensa quantidade de vezes que precisei praticar. sou boa para caralho nisso. desculpaê. ate minha voz sa diferente, mais pausada, mais put together. convenci o cara que eu era ótima, mission accomplished. duas horas depois, saia de la correndo pra não perder o compromisso com a familia do namorado, com uma promessa de que eles me ligariam na semana seguinte (essa, né?) pra marcar a segunda conversa, dessa vez com o dono.

pergunta se eu quero essa vaga? não. não queria entrar numa de atender clientes, isso tudo me lembra os prazos loucos da oficina, com a evil manager no meu pescoço. mas penso que pode funcionar como algo temporário, até que eu tenha nas mãos algo que de fato eu queira fazer.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

promessa

quando eu pedi pra mari que me prometesse que ia ser feliz em floripa, pra justificar essa mudança toda que ela tava fazendo na vida dela e nas nossas, ela sorriu, me abraçou. olhou nos meu olhos e me fez prometer outra coisa. 

que eu ia trabalhar com alguma coisa que me fizesse feliz.

eu prometi.
segundas e sextas são os piores dias. finais de semana eu desligo, meu menino me distrai, me ocupa. segundas eu tenho o peso da semana livre. sextas eu tenho o peso da semana que está acabando.

ontem teve despedida da amiga ex chefe da firma colorida. todos os meus queridos juntos. foi incrível, meu amor por aquelas pessoas é algo que não pode ser medido. me vejo querendo ser um deles de novo, romanceando a firma como se ela não tivesse nenhum problema. ela tem. eu só queria um lugar quentinho e aconchegante pra descansar a cabeça. eu só queria voltar pra alguma zona de conforto.

todos com meu currículo, mas nenhuma vaga aberta. o que me deixa mais assustada, nesse momento, é não saber o que vai ser de mim. a maldita sensação de falta de controle que eu tento tratar na terapia. que eu tento tratar com leveza, mas que ainda pesa nos ombros. 

hoje eu tenho uma entrevista. não quero passar. consultei amigos, e nenhum deles gostou de trabalhar nesse lugar. um lugar muito bonitinho, aparentemente estabelecido no mercado. bons projetos. mas uma bagunça generalizada, com prazos absurdos e trabalho entrando pelas noites e finais de semana. eu penso que não tenho opção, e meu menino me acalma. me diz que eu posso dizer não, esperar mais um pouco, escolher com cuidado.

16 dias hoje. and counting.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

a sensaçao, agora, é a de ter sido expulsa de uma festa. eu planejei, preparei, desenhei. chegou a hora de executar e aí não, pera, desculpa, não vai ser você. eu tento me acostumar com os dias, com a luz entrando pelas janelas, com a programação da tv, com a escassez dos e-mails. e dos problemas. é um gosto meio amargo, esse, de não saber o que vem. eu  podia fechar os olhos e esboçar um sorriso, caminhar nas tardes ensolaradas. não consigo. tudo está um pouco parado, os dias, a vida. eu sinto o choro travar a garganta e engulo. e olho pra cima, pra enganar uma ou outra lágrima teimosa. e repito que vai ficar tudo bem. vai ficar tudo bem. vai ficar tudo bem.

uma ou outra notícia escapa e chega. eu apago. não quero saber da festa, das pessoas. não quero saber o que dizem ou como justificam, se o cenário piorou ou melhorou. aqui do lado de fora, nada me interessa. eu preciso fazer força pra não desejar nada de muito ruim a eles, porque lá dentro tem gente que eu gosto. e esse sentimento ruim que me rodeia é amargo. e eu não quero nada amargo perto de mim. não quero saber da festa que eu trabalhei tanto pra fazer acontecer. não quero saber da vida seguindo sem mim.

eu preciso aquietar as ideias, e achar a serenidade perdida. preciso voltar a acreditar que dá pra fazer direito sem perder o controle das coisas, sem se distrair, sem esbarra em gente mal intencionada. voltar a acreditar que existe em são paulo algum lugar legal, onde eu possa espalhar papéis coloridos e ter ideias.

a vida se acerta. a vida se acerta. a vida se acerta.

não é mesmo? (por favor, diga que sim)

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

pequeno manual do desocupado

a desocupada, no caso, sou eu mesma.

é engraçado o momento. eu tenho tido alguns momentos de preocupação. mas tem algo lá no fundo que me diz que vai ficar tudo bem. essa montanha russa que eu passei desde que cheguei em são paulo, com, deixa eu contar, 5 trocas de emprego, tinha que me trazer algo de bom, não é mesmo?

e trouxe. como eu sou essa pessoa muito querida e com grandes habilidades para o trabalho em equipe, eu sempre fiz contatos muito bons nos lugares onde passei. tudo bem que nessa ultima firma não carregarei comigo o chefo, o chefão ou a rainha de copas como contatos, mas eles são 3 (e são tão perdidos que já já quem vai precisar de mim são eles, hoho. brincadeirinha). o resto, a firma toda gostava de mim. tenho recebido recomendations no linkedin, e tenho, em todos os lugares onde passei, contatos queridos que eu posso acionar caso precise de algo. alguns desses contatos, inclusive, já puderam contar comigo em outras oportunidades.

e é isso. o mundo dá voltas. que bom que o mundo dá voltas.

segui o conselho de anne e resolvi inverter o jogo. onde EU gostaria de trabalhar? que tipo de coisas eu levo em consideração pra escolher um lugar? algo perto de casa, um projeto legal, a possibilidade de crescimento, o dinheiro. o algo perto de casa é só uma frescurinha. nada é obrigatório.

descobri uma empresa muito legal, com um projeto legal. perto de casa. lembrei de um contato de wonderland que está lá. descobri o email do diretor da área que eu quero trabalhar, e descobri também o email da diretora de rh. passei algum tempo stalkeando no linkedin, pra que eles recebessem lá na página deles a notificação de que havia essa garota examinando os perfis. geralmente, é tiro e queda. eu recebo na minha página a notificação de que eles vieram no meu perfil retribuir a visita.

perfil, este, que está bonitinho, atualizado com todos os projetos legais que eu já participei. com o endosso de pessoas que trabalharam comigo. eu tenho um BOM currículo. mesmo. e eu sou boa de entrevistas. basta um telefonema, uma chance de bater papo. venho trabalhando meu carisma desde idos de 2002, quando entrei nesse mercado louco que eu adoro.

mandei um email pro diretor, sem a menor garantia de que 1) não vá para a pasta de spam; 2) que ele não vá ignorar solenemente; 3) que mesmo que ele não igore, exista uma vaga pra alguém com o meu perfil.

cara de pau, trabalhamos.

até agora sem resposta. ok, foi ontem, tá no prazo. semana que vem, se eu continuar sem resposta, ataco a diretora de rh. acionei o contato hoje, e ele me disse que terá o maior prazer em receber meu curriculo e encaminhar internamente.

enquanto isso, eu penso em novos lugares que me interessam profissionalmente. passeio por são paulo com serena van der woodsen querida. assisto orange is the new black.

vai dar certo. :)

terça-feira, 17 de setembro de 2013

o grande drama do momento tem sido lidar com o tempo livre. eu acordo e tenho todo um dia pela frente. eu consigo me lembrar de estar ocupada e querer fazer mil coisas com dias livres, mas agora que eu os tenho, de fato, fico meio paralisada. me meti a arrumar a casa, os armários. estou planejando organizar gavetas, livros, a despensa. aquelas coisas que a gente sempre deixa pra depois, e que se acumulam. 

também me meti a marcar médicos e aproveitar o resto de plano de saúde. é possível que antes que esse plano expire de vez eu já tenha outro, mas pelo sim pelo não, preferi me adiantar. tenho visto menos tv do que eu achei que veria. comecei a ler um livro técnico e tenho uma lista gigante de livros que eu quero ler, empilhados no criado-mudo ou comprados no kindle.

quero ter vergonha na cara e recomeçar a esteira, ensaiar aquela ~marcha atlética~ que pretende, um dia, virar corrida. ontem não fui, ia hoje. hoje também não fui. fiquei fazendo listas de compras, porque vou comer mais em casa. tudo o que tenho comido é salada e iogurte - o que tem na geladeira. estou fazendo um inventário da despensa pra planejar o supermercado, e devo fazer isso amanhã. 

não posso concentrar as tarefas todas num dia só, por questões estratégicas. preciso me ocupar. mando um e-mail ou outro de trabalho, aciono uns contatos. não quero queimar minhas balas todas de uma vez. a minha japa ninja me manda desenhos por e-mail, agora. eu adoro tanto os desenhos dela.

domingo, 15 de setembro de 2013

slow down you crazy child

pra não dizer que eu não chorei, eu desabei mesmo foi quando a maricota me chamou com todo cuidado do mundo e me disse que estava indo embora de são paulo. relembrei todas as as nossas brigas na firma colorida, cada uma delas. como era difícil, como eu saí correndo de lá quando ela virou minha coordenadora, como a gente brigou por bobagem, e como, no final disso tudo, a gente podia ter se tornado tão queridas uma para a outra. maricota foi quem me mostrou billy joel cantando viena waits for you, num daqueles dias que meu coração doía e eu não sabia o que fazer.

e agora ela cansou de são paulo e vai voltar pra casa, pra floripa, de onde ela veio, pra praia, pra trabalhar com algo que ela gosta. meu coração doeu. tenho medo qe um dia essa cidade me esgote (mesmo achando que não, que nunca isso vai acontecer). ela chegou antes de mim, aproveitou bastante. agora, que ir viver outra vida. direito dela, como eu poderia ser contra?

é engraçado ver meus amigos se movimentando. ela mesma, que me disse que eu tinha portas abertas na forma colorida quando eu saí. os chefos da outra área em que eu trabalhei, o gerente de covinhas. os amigos em outras empresas, espalhadas pelo mercado. o ex amigo ex chefe agora amigo de novo me chamando de novo pra trabalhar com ele VEJAM SÓ, e eu sensibilizada, quase querendo e dizendo não, porque é a coisa certa a fazer. tem que ser pelos motivos certos, e isso agora é uma regra. uma headhunter que surgiu do nada e eu tentando adivinhar qual dos queridos me enviou pra ela. sigo sem saber. a carola, ex desafeto de wonderland, me dizendo carinhosa que eu a ajudei quando ela precisou e que ela teria o maior prazer em me ajudar.

fico de coração cheio. :~

decidi descansar, dar um tempinho pra mim, mesmo. 

~   ~   ~ 

Slow down you crazy child
Take the phone off the hook and disappear for a while
It's alright you can afford to lose a day or two
When will you realize...
Vienna waits for you.


foi na quinta-feira que eu me dei conta. eram 17h20, e eu adiantei a terapia, e esbarrei numa amiga no térreo do prédio. ela de férias, eu, hum, de férias? nos abraçamos, falamos amenidades, nos despedimos e eu caminhei de volta pra casa.

o dia estava ficando amarelo, e eu até acho bonito esse fim de tarde meio poluído de são paulo. em casa, meu pai ligou no facetime, e me mostrou o cachorrinho novo da família. e eu me dei conta de que quinta-feira 17h era hora do call com os gringos filhos da puta. 

desde dezembro minhas quintas foram iguais. estivesse em são paulo, em porto alegre, em casa, onde fosse. 17h, ligar o computador, hangout com os gringos. hora de falar ingles e se aborrecer. fiquei feliz de não estar lá, e fiquei mais feliz ainda de saber que ~aquelas pessoas~ continuam lidando com ~aqueles assuntos~.

eu não. não mais. hangout bom de se fazer quinta-feira final de tarde é com o pai e com o cachorro da família.

não posso garantir que permaneça sã por todos os momentos, mas uma coisa é certa. eu não estava feliz naquele lugar e a distância daquelas pessoas e daqueles assuntos me faz bem.

um passo por vez, certo?

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

game over

a espera acabou por volta das 11h de hoje. chefo me chamou na sala dele e me demitiu. justificou com o corte de gastos. eu permaneci em silêncio. parece que saí do meu corpo e me olhava de cima, de fora.

está realmente acontecendo, pensei. como se fosse um sonho.

a primeira vez que eu fui demitida era 2005. foi horrível, entrei numa depressão que me colocou tomando remédios durante anos. fiquei um tempo sem trabalhar, e mesmo quando eu voltei, continuava me sentindo vazia e descrente na humanidade. levou tempo até curar. levou tempo até entender que foi importante, pra mim, naquele momento, passar por isso.

a gente nunca aprende a ser demitido. eu sentia meu rosto gelado, mas imaginava que estivesse vermelha. fiz questão de encará-lo nos olhos, pra que alguma coisa na minha reação fizesse diferença. ele nunca foi bom de olhar nos olhos. quando ele acabou de falar, eu pedi a palavra. e disse que não estava surpresa. e que sabia que havíamos nos desentendido de vez, e que eu achava uma pena, porque eu tinha ido pra firma porque queria trabalhar com ele. porque buscava nele um mentor. 

eu tive esse mentor até abril, continuei. até que você se envolvesse com a rainha de copas e o relacionamento de vocês entrasse no meio do caminho, e a nossa relação de trabalho ficasse insustentável. ele não negou, e eu continuei dizendo a eles que todos sabiam. e que ele devia saber que a empresa era refém disso. ele tentou se explicar - e olha que nem precisava - dizendo que estava passando por um divórcio litigioso. eu disse que sabia. que a rainha havia contado isso pela empresa, também.

encerrei o assunto dizendo que não tinha nada a ver com a vida pessoal dele. mas que tinha outro jeito de fazer as coisas, sempre. e que eu estava em paz, porque sabia que eu sempre, até hoje, havia sido justa, correta e profissional. ele calou.

me levantei e fui até a minha mesa. já havia perdido acesso ao meu e-mail. fiquei ilhada, sem sem poder mandar o e-mail de despedida que havia escrito ontem. enquanto limpava as senhas e desinstalava os programas de uso pessoal do computador, chegou um e-mail dele, comunicando a todos o meu desligamento. foi a japonesa que me mostrou, e depois que eu pedi, me encaminhou. achei feio. enviei meu e-mail de despedida dali, depois do dele, a partir do meu e-mail pessoal. me despedi de cada um dos queridos, fiz questão de abraçar um por um. a rh chorou, e disse que estava arrasada com a minha saída. e que eu era uma pessoa correta. agradeci o apoio e a ajuda. pedi que a japonesa querida e a gauchinha cuidassem uma da outra. e se protegessem. e esquecessem o meu mau exemplo.

a rainha de copas não passou por lá a manhã toda. o chefão também não, modos que fui poupada de me despedir dos dois. já havia me despedido de todos, quando vi que o chefo, agora ex chefo, continuava sentado na mesa dele, encolhido. um covarde para confrontos, ele sempre foi. caminhei até a sala dele e perguntei. 

você não vai se despedir de mim?

ele se levantou muito sem graça e me abraçou. eu não agradeci. disse que continuava acreditando no projeto. e que eu ainda acreditava nele, apesar de tudo.

nem sei se foi verdade o que eu disse. eu só queria sair dali da forma mais digna que eu sabia, e era essa.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

mea culpa

terapia tem salvado a minha vida esses dias, junto com umas bolinhas de homeopatia encomendadas pela minha mãe, mais o apoio de amigos e do namorado. eu pareço uma criança que fez arte e espera a chegada do pai, que vai lhe dar um castigo.

o chefo chegou hoje, disse um oi seco e se trancou na sala com a rh. enquanto eu imaginava o teor da conversa, segui trabalhando. abri o bloco de notas e escrevi um e-mail de despedida. agradecendo aos queridos e aos corretos. dizendo que eu tinha feito o meu melhor, com as ferramentas que eu tinha, sempre pautada pelo que considerava justo, correto e ético.

desde ontem eu tenho tentado pensar nos meus erros durante todo esse processo. foram vários. não dá pra dizer que eu não fui agente de tudo o que está me acontecendo agora. eu contribuí bastante para toda a confusão.

1. eu me deixei abalar por um relacionamento que não tinha absolutamente nada a ver comigo. mais que isso, eu fui tomada por ele. entrei nas conversas paralelas, julguei o comportamento. fiquei maquinando razões ocultas por trás de cada frase que ouvi, cada conversa de portas fechadas, cada olhar.

2. eu me distraí do meu trabalho. fiquei brava com tudo o que acontecia em volta e me distraí do que devia fazer. continuei cumprindo os prazos, mas o foco não estava mais lá. estava no resto.

3. eu medi forças com a rainha de copas. discordei dela, respondi e-mails com a cabeça quente, fui conversar sobre o comportamento dela mais de uma vez com o chefo. e com o rh. eu podia ter escolhido apenas assistir a tudo, e não me deixar abalar ou incomodar. eu fiz exatamente o contrário.

4. eu carreguei esse assunto pra casa, deixei meu sono ser interrompido e minha paz ser roubada. carreguei o peso disso nas costas, um peso que sequer era meu pra ser carregado. monopolizei minha terapia com esse assunto, porque simplesmente não fui capaz de dar a ele a importância que ele devia ter. quase nenhuma. não era importante e eu fiz disso algo importante.

5. eu me coloquei numa posição de justiceira, de fiscalização do que era correto e justo e ético. esse papel não era meu, nunca foi. e me tomou muito mais energia do que eu podia suportar.

a verdade é que agora, pensando racionalmente, a melhor coisa que pode me acontecer é sair. é tirar uns dias pra acalmar a cabeça e aquietar o espírito. procurar outro emprego com calma. não perder a fé no que eu sei, e no quanto eu sou boa. tentar passar por isso com serenidade. tentar voltar a ler livros e ver filmes. caminhar no sol. gastar menos. eu poderia passar um tempo sem trabalhar. não muito, mas algum tempo, sim. eu me preparei para isso. o tempo de restabelecer meus contatos, de sondar o mercado, de ver o que eu quero pra mim daqui pra frente.

escrever o e-mail me acalmou. desde então, sempre que o frio corre a espinha, eu releio. e acredito que, de fato, não existe outro caminho.

por enquanto, eu espero.

sábado, 7 de setembro de 2013

quinta-feira foi dia de embate

chamei rainha de copas para uma conversa. a ideia era entender o que diabos estava acontecendo. ela topou rápido e fomos pra uma sala de reunião. ela esteve na defensiva o tempo todo, e eu dei uma boa recuada. ando bem assustada com o rumo que as coisas andam tomando.

eu falei que sabia do caso, ela disse que ela ia processar todo mundo que estivesse falando mentiras sobre a vida pessoal dela. disse que soube que eu fui no rh falar mal dela, e que a empresa estava toda numa situação complicada por causa disso e do e-mail bomba de segunda-feira. 

eu disse que não. que a minha questão com o rh era outra. que eu tinha tido uma conversa particular com o meu gestor, e que ela sabia dessa conversa. e que isso era errado, porque eu havia ficado exposta. ele nao podia levar a nossa conversa pra ela. ela se defendeu dizendo que ele tinha era ido dar bronca nela, porque ninguem sabia do aumento e tals, e que agora eles queriam descobrir quem me contou. eu repeti que me sentava em frente ao juridico, e sabia quando alteraçoes de contrato eram feitas. sigo com isso até o fim, repito quantas vezes forem necessárias. também disse que fui ao rh dizer que achava um absurdo ela ter me chamado de puta. e que quando eu chego no escritorio e tenho uma funcionária aos prantos por causa desse tipo de situação, eu recorro ao que tenho direito. uma conversa séria e profissional com o rh.

ela me pediu desculpas por ter me chamado de puta. eu desculpei, mas de mentirinha.

eu senti que ela estava me ameaçando com a história dos processos. eu sei o que eu falei, e eu não fui a única. eu não tenho provas, tenho indícios. acontece que a minha acusação se dá sobre algo que de fato é verdade. se ela seguir adiante querendo provar que eu menti, eles vão ter que ter cuidado extra. terminar, ou se afastar. eu acho difícil que ela mova um processo sobre algo que é verdade, dizendo que é mentira. senti isso tudo como um blefe.

no fim das contas, processo por injúria tenho eu, por ter sido chamada de puta. tenho toda uma empresa pra provar. eu disse pra ela que não tinha nada com a vida pessoal dela, mas que eu estava no meu direito que questionar como é que a minha conversa confidencial havia vazado pra ela. ela desconversou, é tão boa quanto o chefo nisso. ele ainda está viajando, e eu acho que semana que vem vai ser bem horrível. ela me disse que havia pedido demissão (não acreditei), e que não gostava mais de vir pra cá, que ela era uma pessoa ética (aham), e que jamais havia feito qualquer coisa para prejudicar qualquer pessoa aqui (aham aham). eu disse que sabia que ela havia pedido a nossa mudança de lugar e ela negou. disse que sente muita falta da gente ali do lado dela (o_O) e que era contra a mudança desde o início. reforçou que jamais se envolveria com ele, e que isso tudo era muito grave. que havia conversado com o chefão e ele acreditava nela (nessa parte eu acreditei, é impressionante como eles agem entre eles, a panelinha) e que ele estava numa situação complicada tendo que prestar esclarecimentos à direçao geral da empresa. e que ela so tinha sido prejudicada pessoalmente, mas os dois, chefo e chefão, estavam em maus lençóis profissionalmente por causa dessa ~grande mentira~.

sabe quando a pessoa suga até a última gota da sua energia? é isso que acontece quando eu falo com ela. você desiste de argumentar, e passa a tomar cuidado para não dizer nada que ela discorde, porque senão a briga se estenderá por mais e mais horas. eu disse que acreditava nela (minha vez de mentir), e que achava que a gente precisava se entender e trabalhar direito, juntas. eu disse que achava ela competente (e eu estava falando a verdade, nessa parte), e que eu estava esgotada dessas brigas. pedi que a gente tentasse conversar quando qualquer coisa estivesse mal explicada, e tentei selar a paz.

saí da sala com ela e fui falar com o chefão. que tudo estava bem, que nós tinhamos nos entendido, e que eu via o rh como um canal para quando tivesse problemas na empresa. e que eu tinha dois, nesse momento. uma conversa particular com o meu gestor ter sido vazada pra ela, e o fato de ela ter chamado a mim e à gauchinha querida de putas que não trabalham. ele estava super na defensiva, e disse que estava esperando o chefo chegar de viagem pra conversar com ele sobre isso tudo. eu disse da minha preocupação com os rumos atuais e as demissões todas, e ele disse que a minha vaga não seria cortada, porque era estratégica.

eu posso ficar tranquila? - perguntei.

a sua permanência na sua vaga depende do seu trabalho e do seu alinhamento com o seu gestor, ele respondeu, seco.

voltamos ao início, onde:

1) eu sei que ela passou tempos e tempos falando mal do meu trabalho para eles (ontem ela me garantiu que jamais falou do meu trabalho, que ela não pode avaliar, e que ela me respeita muito e bla bla bla). 

2) se existe algo que não existe nesse momento é isso:
~alinhamento com o meu gestor~

ou seja. já sei que o caso da minha vaga não será corte, mas substituição. saio eu, entra qualquer outro que mantenha olhos, ouvidos e boca bem fechados. skills que não tenho, e nem nunca fiz questão de ter.

o gerente de projetos pediu demissão, e eu fico fazendo as contas pra tentar saber o quanto isso é bom ou ruim pra mim. pro projeto é uma droga, eu acho que ele deu uma boa ordem nas coisas, e tornou a minha vida mais fácil. ele saindo, é menos um pra segurar o rojão. o lançamento do projeto foi adiado em uma semana. eu não sei o quanto de fato essa história vai respingar no chefo. eu não queria estar fazendo essas contas pra saber se terei ou não emprego nos próximos meses.

eu honestamente penso que estou muito muito muito perto da demissão. 

meu menino diz que é o melhor cenário possível, porque este lugar está me fazendo mal, e eu preciso descansar. estou há mais de dois anos sem férias. eu não gosto da ideia de ficar sem trabalhar, ainda que por pouco tempo. sempre dispara insegurança, e eu fico meio deprimida. não é algo que eu esteja buscando. acho que nunca antes, desde que eu cheguei em sp, eu tive tantas crises de ansiedade. coração disparado, medo mesmo. a única certeza que eu tenho é que não vou pedir demissão. quando eu for demitida, eu também penso em processar a empresa. motivo pra isso é o que não me falta.

:(

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

tem sido desesperador, se é que alguém quer saber.

descobri que as "putas" do e-mail de despedida da editora éramos eu e a gaúcha querida da minha equipe. e que foi naquele dia do e-mail esporro do chefo, quando a rainha de copas estava no sul. ela saiu dizendo pela empresa que nós éramos duas putas que não trabalhavam.

contei pra gaúcha querida por whatsapp de manhã. quando cheguei no escritório, ela estava tendo uma crise de choro. me arrependi mil vezes por ter contado. passei um tempão acalmando ela numa salinha. quando saímos, ela tinha reunião com a equipe da rainha de copas. a rainha atrasou a reunião e entrou sozinha na sala. eu conseguia ver as duas pelo reflexo do vidro. a rainha chorando e gesticulando.

chamei a rh e foi a minha vez de chorar. de dizer que eu não sabia mais o que fazer. que eu vinha sendo atacada e que tinha sido chamada de puta, e que isso era inadmissivel. disse que alguém precisava fazer a coisa certa. porque era tudo absurdo demais.

ela saiu da conversa comigo e entrou na sala do chefão. ficaram lá um tempão. quando ele saiu, tomou a direção da mesa da rainha de copas, e chamou ela pra almoçar. eles foram. voltaram do almoço 3h depois, sorridentes e conversativos.

nada houve. 

depois eu vi a rainha sequestrar a rh numa salinha, e posso adivinhar que o looping de chorar as pitangas se repetiu. depois disso a rh fugiu de mim. nao me disse mais nada.

passei o dia todo em pânico, com a certeza de que vou ser demitida.

sabe coração disparado? sabe sensação de que nada pode ser feito pra tornar as coisas menos horríveis? desamparo total, descrença absoluta.

quando estava indo embora, a rh me disse que me mandaria uma mensagem depois. eu respondi POR FAVOR, estou assustada. ela foi embora. agora de noite eu procurei a rh no facebook.

e ela deletou o próprio perfil.


A Vanessa me mandou por e-mail esse texto, dizendo que lembrou de mim, com todas as idas e vindas de troca de emprego. 


O texto fala sobre essa característica tão comum de algumas pessoas (a minha geração?) de trocar o certo pelo duvidoso, do quanto essa pretensa busca pela liberdade pode ter efeito contrário, aprisionar.

Eu fiquei pensando nisso, e não é um assunto que já não venha passeando pela minha cabeça há pelo menos um ano e meio. Eu sei que tudo o que me acontece é escolha minha. Eu lido bem com as consequências. Encaro as minhas decisões de frente. 

Eu estaria mentindo se dissesse que nunca me perguntei se fiz as escolhas corretas. Eu me pergunto isso com frequência, muito, muito. Eu tento me lembrar de todas as vezes em que passei algum perrengue de trabalho (desde que saí lá da firma colorida, foram VÁRIOS), se eu me sentia ou não arrependida das minhas escolhas. A resposta sempre foi não.

Desde que eu sai da firma colorida, eu aprendi muito. Aprendi a ser gestora, a não gritar, a pensar uma, duas, dez vezes antes de falar bobagem. A respeitar o trabalho dos outros, a tomar decisões difíceis. Aprendi a lidar com uma empresa desmoronando a minha volta (o que me preparou para o que eu vivo, hoje, de novo). Conheci gente boa e gente ruim. Gente sem escrúpulos, gente louca, gente manipuladora e sem caráter. A firma colorida tinha lá os seus loucos, mas eu posso dizer, nenhum deles era nem parecido com o que eu lido na minha vida atual. Era uma redoma de vidro. Uma realidade controlada. Onde eu não sofria grandes perigos, mas não dava grandes saltos. Fazia um trabalho foda, mas o caminho era longo, o reconhecimento difícil. Minha saída não foi pegar um atalho. Minha saída foi uma aposta em tudo o que eu ainda não sabia. A vida aqui fora é uma selva.

Eu fico pensando em 2011, se eu não tivesse saído de lá, onde eu estaria agora. E a grande verdade é que se eu não tivesse pedido demissão em setembro de 2011, eu teria pedido em novembro ou dezembro, ou em 2012, ou em 2013. Eu me conheço bem. O que me movia pra fora de lá era eu, não era algo mais legal que tivesse surgido no meio do caminho. Eu não estaria mais lá. Por minha causa mesmo. :)

Eu gosto do caminho que eu percorri. Eu vejo os meus amigos de lá, e eu sou cheia de amigos naquele lugar incrível, e eu sei que fiz a escolha correta. Eu brinco que um dia volto, mas eu entendo essa minha jornada aqui fora como um aprendizado, pra ficar boa o bastante e voltar pra lá quando for hora. Talvez ainda não seja.

continuação da novela

ontem a rh estava no sul pra demitir mais duas pessoas na grande reestruturação (implosão) da empresa. uma delas era uma editora fofa, subordinada à rainha de copas. a menina sabia que a rainha vinha pedindo a cabeça dela há tempos, e tinha prometido um bafão se isso acontecesse.

e assim foi. ^^

editora demitida, chega um e-mail de despedida. ela mandou só pra lista de gestores, então o estrago poderia ser bem maior. na verdade, eu queria um estrago maior.

começou dizendo que a rainha de copas tinha caso com o chefe, que ela chamava colegas de trabalho de putas, que ela gargalhava alto e dizia a lista de pessoas que ela queria que fossem demitidas, na ordem. que humilhava e fazia as pessoas chorarem, que o caso deles afetava as decisões da empresa. o email não citava nomes em nenhum momento, apenas mencionava uma gerente e um diretor.

ficamos todos paralisados esperando o desenrolar dos fatos. o "diretor", também conhecido como chefo, está nos eua a trabalho, tentando convencer os gringos a baixar os preços. ela estava aqui sozinha pra lidar com isso.

bolas de feno. o chefão estava na sala dele, dartagnan sentado na mesa, aquele silencio mortal. o chefão levantou, foi até a mesa dela, e nao ficou lá nem 5 minutos. voltou pra sala, packed his belongings and left. nem uma palavra. isso foi ontem. hoje ele não apareceu.

ainda ontem, logo depois do email de despedida, chegou um outro, no fale conosco do site. provavelmente algum outro ex funcionário, querendo participar da confusão instalada. dizendo que tinha ficado sabendo que tinha voado merda no ventilador (and i'm quoting), e que era nisso que dava quando incompetentes eram promovidos e aumentos eram dados quando alguém abria as pernas pro chefe.

o_O
todo mundo chocado, fazendo cara de paisagem.

até aí, no names. podia ser eu, vejam bem. sou gerente, o email mencionava uma gerente. mas ninguém achou que era comigo. todo mundo SABE que não era comigo.

rainha de copas resolve responder o email a todos. diz que está muito chocada com aquilo tudo, e que ela era uma ~pessoa digna~. e que se alguém quisesse algum esclarecimento, ela estava à disposição.

bolas de feno.

depois ela ficou andando na empresa, meio que tentando fazer piada com a situação, insinuando que estavam acusando ela de ter um caso com dartagnan. todos fazendo cara de paisagem. especialistas em cara de paisagem. :)

hoje ela passou o dia prendendo gente em sala de reunião, chorando as pitangas, dizendo que estava sendo perseguiiiiida, e que isso era um absuuuuurdo, e que a honra e a moral dela estavam sendo atacadas.

~honra e moral~

eu to na minha. ver todo mundo querendo ela fora, chocado com o que ela faz, concordando que a situação está insustentável. ninguém acreditando que algo vá, de fato, mudar.

mandei curriculos para os queridos no mercado, porque é hora de andar. de correr. não sem antes mandar um bom e-mail de despedida.

de resto, tudo voltando ao normal. ela provavelmente pedindo a minha cabeça, o que justifica os emails malcriados que eu recebi do chefo hoje. o de sempre. mais do mesmo.