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domingo, 30 de setembro de 2012

former friend strikes back

no sábado teve o aniversário de uma amiga. eu estava levemente preocupada porque eu sabia que veria o ex amigo ex chefe por lá, já que ele é casado com anne, que é bff da aniversariante. eu passei a semana pensando como eu deveria me comportar. porque não falar quando você não encontra é fácil. não falar quando você encontra é climão.

e, bem. eu costumo ser a rainha do climão. e tava gostando dessa coisa de controlar as reações e músculos do rosto.

decidi que ia dizer oi civilizadamente, and that's all. não tem conversa. saudades eu estava de anne, de quem acabei me distanciando depois da briga com seu respectivo. john armless também estaria lá, o que adicionaria uma pitada de tensão aos presentes.

o início foi como eu tinha planejado. oi civilizado, todos os meus queridos em volta, uma paredinha de proteção. ele se manteve distante, e eu realmente achei que era uma questão de respeito. entender que eu não falo com ele e não me colocar em uma situação desconfortável.

mas nem. foi só o meu menino se afastar pra buscar bebida que ele veio, pimpão, cheio de assunto.


oi, garota.

...Oi.

você está com muita saudade de mim?

...Não.

Você acha que até o ano que vem você vai falar comigo?

...Não.


namorado voltou com a bebida e o assunto se encerrou.

mais tarde, na hora de despedir, ele me abraçou forte, e eu não reagi. ele fez alguma piada que eu não entendi, ou não prestei atenção. algo dando a entender que a gente ia se acertar, porque não era tão grave assim.

eu avisei que não. não tem acerto.

mas que grande imbecil. tratar esse assunto como algo bobo só reforça a minha certeza de que não tem a menor possibilidade de consertar as coisas. porque uma das grandes decisões que eu tomei pra minha vida, nesse ano comprido e sofrido de 2012, é nunca mais me aproximar de gente escrota. e tomar uma distância maior ainda de gente que ESCOLHE ser escrota. porque não precisa, né?

precisa não.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

diarinho

Eu tava achando que só eu ia ficar de bobeira essa semana. A RH está de férias e, bem, ela precisa voltar pra que o incrível processo de realocação de equipe seja tratado pela comissão especial de wonderland. Eu tava achando que só eu ia ficar de bobeira, né?

Não. Desde segunda, você olha pros computadores de qualquer pessoa da equipe e as coisas mais aleatórias aparecem. A menina ruiva e a menina carola fazem reuniões pra discutir o novo *projeto pessoal* delas, o que por si só vale um post. No meio da tarde, todos os dias, a menina ruiva sai às pressas para alguma emergência com os gatos. Ela é uma cat person, não sei se já tinha mencionado, e parece que o gato paralítico dela resolveu ter uma síndrome digna das investigações do Dr House justo essa semana. Serena, após um término de namoro dramático com Chuck Bass, caiu deprimida e tirou a semana para se recompor. 

To na minha. Eu tenho prova de inglês no sábado. E eu virei essa pessoa que está apavorada achando que vai mal, e que tem certeza de que nenhum estudo será suficiente, modos que me coloquei a estudar freneticamente todos os dias dessa semana. Quando na segunda feira eu percebi que galerê não tava nem muito preocupado em fingir que estava trabalhando, eu tomei a decisão de aproveitar melhor meu horário comercial. Levei livros, gramáticas, dicionários, taquei rainy mood no computador e bora decorar phrasal verbs.

Os dias tem passado mais rápido até do que eu esperava. Susan Miller ficou me botando medo para a lua cheia de sábado, dizendo que vem rompimento severo pela frente, e eu to aqui pianinho. Não provocando brigas, não procurando problemas, estudandinho. Fiz o namorado prometer que só vai brigar comigo por qualquer coisa que surja depois de domingo, quando minhas superstições se dissiparem.

Ontem à noite eu decidi que ia matar trabalho hoje. Tava justo no looping de inventar um problema pra justificar quando acordei com enxaqueca. Que maquininha incrível é o corpo humano, não é mesmo, minha gente? Produzindo sintomas. <3


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Quase alívio

O projeto foi pausado. Eu tava na terapia ontem, falando do quase alívio que eu senti ao ouvir a informação. E sobre como eu *quase* não chorei. Escorreu uma lagriminha, rapidamente repreendida, quando eu estava numa sala de reunião sozinha, ouvindo meu menino dizer ao telefone que tudo ia ficar bem.

É alívio, sim, mas um alívio estranho. Porque alívio traz conforto, e não há conforto algum na situação atual. Mas sim, há alívio. Há resposta. Não, não vamos fazer. Wonderland não entende algumas coisas e chegou - meses depois de mim - à brilhante conclusão de que é melhor não gastar mais dinheiro ainda tentando.

Aparentemente a equipe vai ficar bem. Vai deixar de ser equipe, já que o RH vai estudar individualmente os casos e as habilidades e histórico de cada um e ver onde podemos ser aproveitados. Tem projetos nascendo e tem espaço neles. A menina ruiva me garantiu que não ia rolar demissão, pra ninguém. Que o projeto, assim como está, precisa ser mantido até que uma venda seja concluída. Eles vão vender o projeto pra quem queira, e principalmente saiba fazer. A menina ruiva disse que a gente até mesmo poderia ir com o projeto para essa nova empresa, fazer ele funcionar em outro ambiente.

Eu tenho sorrido mecanicamente. Me dou estrelinhas sempre que controlo os músculos do meu rosto, sempre que minha voz sai baixa e pausada. Eu não estou infeliz. Estou resignada, indo com a maré, enfrentando as coisas à medida em que elas surgem. Sem antecipação. Eu antecipei demais. Eu passei tanto tempo sofrendo e vendo o projeto agonizar, que eu elaborei o meu luto antes do fim dele. Por isso, eu não chorei. Por isso eu controlei as minhas reações. Por isso eu continuo esperando, assustadoramente calma, que eu seja chamada ao RH pra discutir as minhas opções.

Eu já sei o que eu não quero.

Eu não quero acompanhar esse projeto. Eu quero que ele siga sem mim, e que ele dê certo, ou dê errado, eu realmente não me importo. Eu quero saber quais são os novos projetos em wonderland nos quais eu possa me envolver. Eu quero dar uma chance a esse lugar estranho. E a mim, nesse lugar estranho. Eu quero saber o que vem depois.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Melancolia

eu não vi melancolia. eu li sobre o filme, e ouvi sobre o filme. eu sei que é sobre diferentes formas de lidar com o fim do mundo. e sobre depressão. sobre não ver sentido em nada. sobre como pessoas deprimidas lidam melhor com grandes catástrofes. eu já passei por uma depressão, e eu sei como é se sentir vazio. eu não me sinto vazia.

eu venho vivendo nessa terra onde rumores dão conta da chegada do meteoro. ninguém sabe o que vem depois, mas o fim do mundo é provável, quase certo. a gente vem lidando com essa certeza há cinco meses, agora. cinco meses em que se vive sem saber meio o sentido. teve gente que pulou fora antes. teve gente que não aguentou a pressão, e encerrou o próprio sofrimento. eu vim sendo ensinada a não deixar meus nervos tomarem conta, a não demonstrar fraqueza. eu fui punida todas as vezes em que saí da linha. eu obedeci. aprendi a controlar minhas expressões faciais, aprendi a conter o choro até chegar num lugar seguro, onde minhas fragilidades não pudessem ser notadas.

eu venho me comportando de forma exemplar. não constrangendo pessoas, não fazendo perguntas inadequadas, não deixando o pânico tomar conta. não desestimulando ninguém em volta. e agora a chegada do meteoro é oficial. não se sabe ainda o que vai acontecer. todos olham pra mim enquanto a notícia é dada, e eu não movo um músculo. eu espero. minha voz mal sai pra responder que não, eu não tenho perguntas. nenhuma. eu estou esvaziada delas.

depois da chegada do meteoro, qualquer coisa pode acontecer. a morte parece meio certa, essa é a sensação. mas pode haver alguma luz do outro lado. é preciso haver um pouco de destruição para que se construa coisas novas. a destruição está aí, nada novo aparece ainda. é um momento de escuridão.

eu sei que no filme as irmãs vão juntas para a praia. esperar que tudo termine. esperar que a espera acabe de uma vez.

não há nada a ser feito. estou na praia. só espero que seja rápido, e que eu não sinta dor. pra que eu possa ver o que tem do outro lado logo de uma vez.

p.s. julinha me corrigiu, dizendo que não era praia nada, era quintal. como eu ia dizendo, eu não vi melancolia. 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

teve esse pessoal aqui o andar que foi remanejado para o 8o andar da alegria. onde estão todos os meus queridos, todos os seres da minha espécie. os seres que trabalham e brincam ao mesmo tempo, e não ficam escutando pedidos de silêncio sempre que se excedem nas conversas. eu torcendo pra ir junto, mas ninguém da equipe foi movido. foi só o menino gerente que sentava perto e era par, e as duas meninas da equipe dele. no início eu achava as duas fofas, mas elas formaram panelinha com a menina carola e a menina ruiva, e eu tomei implicância com as duas.

desde a semana passada eles suspiram e reclamam, dizendo que as pessoas de lá são estranhas e os excluem. eu até tentei ponderar, disse que era questão de adaptação, que já já eles se sentiriam mais à vontade. que o 8o andar tinha gente muito legal, e que eles iriam acabar gostando.

mas não. eles continuam se sentindo perdidos, excluídos, não pertencentes àquela massa. à minha massa.

sigo na torcida para que os próximos remanejados sejamos nós. pra que a minha massa me absorva. e exclua esse resto de galerinha errada que me rodeia em horário comercial.

cotidiano

Eu fico muito impressionada mesmo com a minha capacidade de gastar dinheiro. Eu queria entender como é que eu transformei a fase mais rhyca da minha vida em fase mais pobre, com faturas que beiram a estratosfera nos cartões de crédito. Porque, assim. Eu podia ter adiantado em muito as parcelas do carro, eu podia ter feito yoga, pilates, bordado, o que quer que eu quisesse. Eu podia, inclusive, fazer uma poupança de viagem. Mas não. Comprei móveis, mais móveis, gastei pequenas fortunas em pratos coloridos. Gastei dinheiro não sei nem bem onde. E aí o aspirador de pó morreu, o que muito convenientemente coincidiu com a faxineira falar mal de mim pra uma amiga, só porque - veja só que absurdo - eu pedi pra ela dar uma geral nas portas. Fiquei sem faxineira, sem aspirador e absolutamente em choque com a proposta do namorado, que acha degradante ter alguém arrumando a própria casa, coisa de país subdesenvolvido, etc e tal, modos que estamos OS DOIS, há três semanas, fazendo as vezes de faxineiros nas horas vagas. O aspirador não voltava da assistência nunca mais, e eu já estava sem esperanças. Resolvi largar pra lá, dar uma de louca porque, convenhamos, dinheiro está SOBRANDO, vamos comprar outro, melhor. Daí quando finalmente depois do longo mês de privações a assistência ligar falando "dona, seu aspirador tá pronto, vamos levar aí e a senhoura acerta o conserto" eu vou poder dar uma de dona de casa revoltada e dizer "PRECISA MAIS NÃO, já comprei outro, beijos". Tava eu com o computador aberto, escolhendo meu novo aspirador de pó quando ouvi o maior estrondo na cozinha. A máquina de lavar resolveu se juntar à leva de coisas problemáticas de setembro. Vinha mastigando minhas toalhas há tempos, e resolveu desencaixar alguma coisa e perder totalmente as estribeiras, a estabilidade, a função. A centrífuga faz com que ela se balance loucamente, batendo em tudo em volta. Ela sacodiu tanto que se desligou sozinha da tomada. Namorado sugeriu que ligássemos pra assistência técnica. Quase chorei. É a mesma do aspirador, eu disse.

Voltamos resignados para o computador, adicionamos uma máquina de lavar nova ao carrinho de compras. modos que estou mais pobre ainda. Meus problemas, além dos mencionados anteriormente, agora incluem faturas ainda mais gordas nos cartões, pobreza total e absoluta pelos próximos dois ou três meses. E ainda o terror da antecipação de que a geladeira, da mesma marca dos problemáticos, se manifeste. Vamos aguardar.

Mas pelo menos as roupas estarão lavadas, secas e fofinhas. 

2012 é, de fato, o novo 2009. Tem até bloodyseptember, vejam bem.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

tava aqui pensando. 2012 é o novo 2009, não é não?

e o que eu tinha em 2009 que não tenho em 2012? SENSO DE HUMOR. porque eu passava perrengues variados, não sei nem como sobrevivia, mas tava ali, escrevendo e fazendo graça com as desgraças que se assucediam.

então resolvi mudar as coisas. um tiquinho. aproveitar que o blog me deu de volta o anonimato que eu tanto gostava. eu sempre me perco dentro da minha própria cabeça, e é bem ali que as coisas desandam. 

bora aproveitar o meu aniversário de um ano de wonderland? bora sair da cabeça e descrever a vida? descrever os tipinhos bizarros que me rodeiam, os acontecimentos bizarros que me atropelam. sem poesia. poesia mandou lembranças, não sabe ainda quando volta.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

eu coloco o vestido de oncinha que é pra parecer adulta. acordei praguejando. chamei a menina fofa do rh pra conversar e acabei chorando. disse que estava difícil trabalhar sem direcionamento. ela sorriu, compreensiva. me disse que isso tudo é muito geração y. a ansiedade em resultados, a impaciência com ciclos longos. eu meio que concordo, mas tem faltado clareza esses dias. 

eu preciso tomar uma decisão. esperar ou não a tal resposta da direção sobre o que será do projeto. esperar tem sido uma das coisas mais angustiantes que eu já fiz na vida. nada ali faz sentido, qualquer tarefa que eu precise executar, eu não acho que vá efetivamente ajudar em algo. falta fé. queria passar esse período quietinha. mas é preciso manter a roda girando. amanhã eu faço um ano de wonderland. preciso de férias. preciso de uns dias longe, quietinha. eu queria estar mais equipada para passar por essa fase.

pois bem. se eu decidir esperar, que é o que eu já venho fazendo há alguns meses, talvez não demore muito mais. mas não dá pra saber quanto tempo, ainda. eu teria que engolir as angústias e tentar achar mais um pouquinho de sentido nas coisas. pra suportar sem sentir tanto. a outra opção é bagunçar o estado de calma aparente. chamar a menina ruiva pra uma conversa e dizer que quero trocar de área. e pedir a ajuda dela, caso seja possível. se ela não puder ou quiser ajudar, well, ela foi avisada. então eu marcharia com as minhas sapatilhas até as duas áreas que me interessam, e diria aos gestores que gostaria de fazer parte da equipe. e torceria pra que assim que eles pudessem, me trouxessem pra perto. e me ajudassem a reescrever essa história. ou pelo menos abrissem espaço para que eu a reescrevesse, sozinha.

por mais que a decisão pareça fácil, não é. continuo sem ter um cenário claro à minha frente. continuo confusa, e com medo de tomar a decisão errada. ou de me arrepender. 

lembro do caio querido me dizendo que era de família cigana, quando tomamos vinho uns dias antes de eu começar na firma nova. bobagem. ele sorriu e disse que eu iria chorar. que eu iria chorar muito, mas que eventualmente ia dar certo. eu fiquei impressionada na hora. eu sempre fico impressionada quando alguém insinua saber alguma coisa. mesmo que não seja verdade. eu fico. a primeira parte ele acertou. tomara que a segunda ele acerte.

Setembro

Sempre foi assim. Uma parte da vida funcionando, ainda que com problemas. A outra parte da vida desmoronando. A parte que funcionava, trabalho. A grana podia estar curta, o clima podia estar pesado. Eu tinha os meus fones de ouvido, a minha autoconfiança e a minha fé no que eu estava fazendo. A parte que não funcionava, vida pessoal. Eu exagerava as preocupações com o peso e me achava sob controle dentro de roupas tamanho P. Me fiava em um bom corte de cabelo e me anestesiava com festas regadas a vodka e tequila. Era fácil. Segunda eu tava inteira, pronta pra 5 dias produtivos. Os dias problemáticos eram dois, apenas. Totalmente administrável.

E aí a equação inverteu. A vida pessoal ficou linda, incrível. Os finais de semana foram preenchidos com certezas e mãos dadas. E sorrisos, e o maior amor do mundo. Tudo segue certo, incrivelmente certo. O trabalho desmoronou, levou minhas certezas, minha autoconfiança, minha fé. Não há música que me aquiete o espírito. Não há nada que possa ser feito. Foi como se eu tivesse sido quebrada, partida. Torcida, dia após dia, segunda a sexta. 5 dias de sofrimento, 2 dias bons.

O momento é de aprender lidar com isso. Firmar os pés onde o chão não é firme. Em lugares que eu não sei se quero pisar. Eu tenho 2 dias bons e 5 dias muito pesados. Eu enfiei na minha cabeça que é culpa de saturno, e falta tão pouco. 5 de outubro tá aí. Me chamem de louca. É bem capaz que eu seja. Eu preciso acreditar em alguma coisa, e eu vou tateando em direção a esse momento em que eu acredito que as coisas vão melhorar. Até lá eu me distraio. Choro na terapia e no colo do meu menino. Compro pratos coloridos e tiro fotos da casa.

Se passar esse período e não passar a angústia, eu vou precisar fazer alguma coisa. Questão de sobrevivência. Porque ficar desse jeito tem sido a morte.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

tragédia da vida real.

estavam juntos há seis meses. ela tinha parado com os remédios e dava gritinhos de alegria mal acreditando na vida que se acertara. contava causos dos dois, dos jantares, dos assuntos. ele era bom com ela, mais do que o menino anterior. parecia sério, parecia gostar dela. ela se vestia bonita e dava gosto ver como estava feliz.

ele tinha um diário. ela abriu. viu ali escritos sobre outra menina. não ela. uma outra. de coração partido, ela foi embora.

e comprou um gato.

fim.

*baseado em fatos reais.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

um dia

um dia, sem aviso, o estômago revira e você mal pode andar. encolhe embaixo das cobertas, pensa na vida, pensa que não está dando conta. pensa que já foi mais legal, mais sensível, mais esperta e inteligente. mais interessante, por que não?

adia tudo. trabalho, amigos, o cesto de roupa suja. adia a vida, um pouquinho.

espera passar.

vai passar, certo?

sábado, 1 de setembro de 2012

sábado

uma gripe me acompanha há 11 dias. é alergia, diz meu menino. não pode durar tanto tempo. tudo o que eu sei é que os olhos ardem, e vertem lágrimas. e o nariz coça, irritado. penso que meu corpo tenta lidar com o que eu vejo e o que eu respiro. não serve, então ele devolve. espirros e lágrimas.

vontade de ficar deitada. estou faltando aula de inglês e saí cedo do trabalho ontem. deitada na cama, lençol aquecido. penso no feriado. minha mãe visitando depois de três anos. minha irmã. um pouquinho de família dentro da minha casa de paredes coloridas. um pouquinho mais de colo. não estou boa não.

café com torradas e geleia. quando o mundo aperta, eu boto um pouquinho mais de açúcar no café da manhã. e tudo fica bem. naquele minuto, ta vida é perfeita. é engraçado como eu nunca me distraio dessas coisas pequenas. tipo achar uma placa de carro com prefixo EET enquanto toca eet no carro, na voz da regininha. um casal de velhinhos. vou me fiando nas coisas pequenas.

fujo do trabalho e almoço com meu menino as melhores batatas fritas do mundo. deixo ele escolher a sobremesa. conversas compridas com velma. terapia pra colocar as ideias em perspectiva. um suco de morango.

a vida se acerta é nas coisas pequenas.